Folha de S. Paulo


Atrasos em obras de hidrelétricas são responsabilidade de Marina, diz Dilma

Focada a continuar o processo de desconstrução da candidatura de sua oponente, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, afirmou na noite desta quinta-feira (11) que os atrasos nas obras de construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio foram causadas pela demora na concessão de licenças ambientais na época em que Marina era ministra do Meio Ambiente.

Em entrevista ao portal "IG" e à "Rede TV", Dilma admitiu que houve "divergências" entre ela e Marina quando as duas eram ministras do ex-presidente Lula - Dilma foi ministra da Casa Civil, responsável por conduzir e assegurar a execução dos projetos estratégicos do governo e Marina, como ministra do Meio Ambiente, era a responsável pelas licenças ambientais das obras.

"Nunca houve embate assim, muito ácido. Mas houve divergências sim. A candidata tinha uma reação muito acentuada. [] Houve muitas demoras, sempre por responsabilidade dela. Todo mundo tem que ter prazo. Ninguém no governo está acima de cumprir prazos", afirmou Dilma.

A candidata voltou a ironizar a oponente ao dizer que ela troca muito rapidamente de opinião e criticou novamente as proposta de Marina de, segundo Dilma, não priorizar a exploração do pré-sal e de dar autonomia ao Banco Central.

"Não sou responsável por ela ter uma posição de manhã e outra a tarde. [] Na democracia, todo mundo tem o direito e o dever de discutir posicionamento e concepções. Enquanto estivermos fazendo isso, está dentro correto", disse.

ECONOMIA

Dilma fez um aceno ao mercado financeiro de que deverá fazer mudanças em sua política econômica, criticada pelo setor, em um eventual segundo mandato.

"Quando a realidade muda, nós temos que mudar. Eu espero e acredito que isso é uma grande possibilidade, que o mundo melhore sua situação econômica nos próximos meses e anos", afirmou a presidente.

AUTORITÁRIA

Ao final da entrevista, Dilma foi questionada sobre se mudará o seu próprio jeito de ser em um segundo mandato devido a sua forma autoritária e centralizadora de agir.

"Você acredita que alguém é autoritária ou mandona ao longo de cinco anos? Não é. Todo mundo tem que melhorar, evoluir, aprender. Mas quero dizer só uma coisa nessa história de ser autoritária. Eu já cheguei à conclusão de que eu sou a única pessoa autoritária cercada de homens meigos", disse.

A candidata afirmou ainda que as críticas sobre o assunto tem um viés machista. "Tem um viés um pouco machista, mais do que machista, é discriminatório no seguinte sentido: tem certas características num homem que são consideradas normais; tem certas características na mulher que são consideradas normais. Eu tinha que ser doce, eu tinha que aceitar bastante tudo o que me dissessem, aceitando opiniões. Eu tenho opinião", disse.


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