Folha de S. Paulo


'Marina se faz de vítima e diz que estamos atacando', afirma Dilma

A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, subiu o tom das críticas feitas à sua adversária, a candidata à Presidência pelo PSB, Marina Silva, e disse que ela se faz de "vítima" no debate político eleitoral. Em entrevista coletiva realizada no Palácio do Alvorada, nesta quinta-feira (11), Dilma afirmou que Marina teve toda a sua formação política construída no PT e agora adota um discurso que não faz sentido com sua trajetória.

"Cada vez que a gente abre o debate com a Marina, ela se dá como vítima e diz que estamos atacando. Candidata, debate político tem que ser feito. Ninguém está acima de qualquer suspeita. Ninguém pode se achar diferente dos demais. Na democracia somos todos iguais. Temos que dar conta da nossa vida pessoal, do que fizemos, sermos objeto de escrutínio. Cada um de nós, principalmente candidato à Presidência da República", afirmou.

Durante a coletiva, Dilma repudiou as declarações de Marina sobre corrupção na Petrobrás e afirmou que a pessebista deve sua trajetória política ao PT. Em entrevista ao "O Globo" hoje, Marina afirmou que o "que ameaça o pré-sal é está sendo feito com a empresa. [...] Como as pessoas vão confiar em um partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras", disse ela.

"Eu considero que a candidata Marina tem que parar de usar suas conveniências pessoais para fazer declaração. Ela ficou 27 anos no PT. Todos os seus mandatos, ela obteve graças ao Partido dos Trabalhadores. Dos 12 anos aos quais ela se refere, em oito ela esteve no governo ou na bancada no senado federal. Não é possível que as pessoas têm posições que não honrem sua trajetória política e se escondem atrás de falas que não medem o sentido dos seus próprios atos durante a vida", criticou Dilma.

Como a Folha mostrou nesta quinta-feira (11), os ataques a Marina serão mantidos como estratégia de campanha da petista. O resultado da Datafolha divulgado na quarta-feira (10) mostra, segundo dilmistas, que a elevação do tom contra a candidata do PSB gerou um efeito importante: as intenções de voto para a petista voltaram a crescer e sua principal adversária tem perdido terreno.

Para Dilma, os ataques não estão errados e Marina reclama porque não quer "escutar o que os outros pensam". "Não acho que estamos fazendo nada que não devemos fazer. Todas as coisas que nós falamos que a candidata fez ou falou estão escritas no seu programa ou podem ser facilmente confirmadas pela imprensa pelo histórico das suas falas, dos seus discursos", disse Dilma.

Questionada sobre as declarações de Marina em relação à corrupção na Petrobras, Dilma afirmou que a sua oponente estava sendo "leviana e inconsequente". "A militância do PT e a história do PT foram fundamentais para a candidata chegar onde chegou. Uma fala como essa demonstra posição leviana e inconsequente. Eu lamento profundamente uma fala desse tipo", disse.

BANQUEIRA

Dilma voltou a atacar também um dos seus alvos preferidos para atingir a candidatura de Marina. Questionada sobre por que o PT agora critica Maria Alice Setubal, mais conhecida como Neca, uma das coordenadoras de campanha de Marina e herdeira do banco Itau, se em outras eleições ela doou recursos para candidatos petistas e chegou a ser convidada para assumir a secretaria de Educação no governo de Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, Dilma afirmou que ela mudou seu comportamento e agora age como banqueira.

"Mudou que ela está se comportando como banqueira. A Neca educadora era Neca educadora. Agora, na medida em que sou herdeira do Banco Itaú e defendo a política que beneficia claramente os bancos, que é a política de independência do Banco Central, de diminuir o papel dos bancos públicos, estou fazendo papel de banqueira. O que mudou foi a atitude e a postura da pessoa", alfinetou Dilma.


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