Folha de S. Paulo


Sem citar Marina, Dilma e Lula criticam políticos que 'mudam de lado'

Os presidenciáveis Marina Silva e Aécio Neves (PSDB) foram duramente criticados pela presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comício no Recife na noite desta quinta-feira (4).

Apesar de não ter sido citada nominalmente, Marina foi alvo de críticas em diversos momentos dos longos discursos dos petistas.

Logo no início de sua fala, ao cumprimentar políticos que estavam no palco, a presidente disse que ali estavam "as pessoas que não mudam de lado, não viram a casaca e que não dizem uma coisa hoje e outra amanhã". A presidente falou ainda em "pessimistas que desistem antes de começar".

As provocações fazem referência ao programa de governo de Marina Silva que teve o artigo que trata de casamento homossexual alterado e o que criminalizava a homofobia retirado em menos de 24 horas. A campanha do PSB disse que houve um erro na versão divulgada, que não era a final.

"Podem fazer o que quiser conosco, mas nós não mudamos de lado", disse a presidente.

Dilma também criticou "todos aqueles que colocam o pré-sal sob suspeição", acusando-os de querer o desemprego de quem hoje está empregado nas refinarias pernambucanas que atendem a Petrobras.

A menção discreta à exploração do petróleo do pré-sal no programa de Marina se tornou alvo de críticas da campanha do PT.

A presidente defendeu-se ainda de reprovações sofridas por conceder subsídios a diversos setores.

"Todos aqueles que falam mal dos subsídios do governo é porque querem voltar atrás e privatizar os bancos públicos brasileiros", disse Dilma.

Ela criticou ainda os que defendem "a receita simples" para recuperar a economia brasileira. Para a presidente, essa receita gera "desemprego, reduz salário, aumenta tributo e dá um tarifaço".

Em provável referência ao PSB de Pernambuco, do ex-governador Eduardo Campos e do candidato ao Senado pela chapa adversária, Fernando Bezerra (PSB), a presidente alfinetou quem defende que a transposição do rio São Francisco seja obra "de uma pessoa só".

"Tem muito cara de pau por aí. Aqui mesmo em Pernambuco, quantas vezes vocês escutaram que a transposição do São Francisco foi feita por uma pessoa só?", questionou a presidente.

Dilma foi saudada pela plateia quando lembrou do tempo em que foi torturada pela ditadura militar.

"Acreditei no Brasil mesmo quando fui presa e torturada. Porque este país é muito maior que um bando de ditadores", disse antes de ser aplaudida.

Fabiano Barros/Folhapress
O ex-presidente Lula em comício em Petrolina (PE) nesta quinta-feira (4)
O ex-presidente Lula em comício em Petrolina (PE) nesta quinta-feira (4)

LULA

O ex-presidente Lula falou antes de Dilma e começou a fazer as críticas aos adversários.

Sem citar o nome de Aécio Neves, Lula rebateu as críticas quanto ao número de ministérios, que o tucano diz pretender cortar pela metade.

"Dizem que eu tinha muito ministério. Tem gente que diz que vai resolver o problema do Brasil diminuindo [o número de pastas]. Sempre teve pouco ministério, por isso que [o governo anterior] não funcionava", disse Lula.

Ainda falando do tucano, Lula ironizou a entrevista que ele concedeu ao "Jornal da Globo" de quarta-feira (3), em que disse repetidas vezes que a "previsibilidade" será um trunfo de seu governo.

"Você pergunta a ele: Como é que está o sapato? Previsibilidade. Como é que está a calça? Previsibilidade. Como é que está o cabelo? Previsibilidade", ironizou Lula. "A única previsibilidade que tem é que ele já está fora da disputa eleitoral de 2014. E ele não foi capaz de prever isso", disse.

Ao criticar Marina, Lula começou mencionou em tom jocoso a "nova política" defendida pela campanha do PSB.

"Estou vendo algumas pessoas falarem a palavra nova política. E a pessoa que já foi vereadora, deputada estadual, federal, senadora. Se tem uma nova política no país é a Dilma, que nunca foi política", disse o ex-presidente.

Ao abordar o pré-sal, que ficou em segundo plano no programa de governo de Marina, Lula brincou com Dilma.

"Enquanto tem gente querendo acabar [com] o pré-sal, se for necessário, querida, me fale, que eu vou mergulhar e buscar lá no fundo [do mar] petróleo", disse.

O comício, que só começou às 21h, depois de duas horas de atraso, só terminou depois das 23h.


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