Folha de S. Paulo


Aliados da candidata do PSB mantêm elo com PT no Acre

Desgastada com o então presidente Lula, Marina deixou o Ministério do Meio Ambiente em 2008 e no ano seguinte saiu do PT, após 24 anos. Mas a ruptura teve pouca influência na configuração política de seu Estado natal.

No Acre, a Rede Sustentabilidade registra só 50 filiações –contra 8.000 do PT– e diversos de seus integrantes mantêm relações com o governo petista de Tião Viana, candidato à reeleição e partidário de Dilma Rousseff.

O próprio marido de Marina, Fábio Vaz de Lima, só deixou o cargo de secretário-adjunto de Desenvolvimento Florestal do governo estadual em 19 de agosto, um dia antes de Marina se tornar candidata a presidente em substituição a Eduardo Campos.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Prédio do único comitê de Marina em Rio Branco; Rede obteve 50 filiações no Acre
Prédio do único comitê de Marina em Rio Branco; Rede obteve 50 filiações no Acre

O principal nome local da Rede, candidato a deputado estadual pelo PSB, é marido da chefe da Casa Civil do governador Tião Viana e apoia sua reeleição –embora Marina se diga neutra. Trata-se de Julio Pereira, o Dr. Julinho, ex-suplente de senador dela.

"Aqui não houve desgaste entre Marina e o PT por causa da gênesis comum desse projeto", disse Dr. Julinho, 55, sobre coligação com petistas que governa há quase 16 anos.

Algumas lideranças petistas com quem Marina, 56, militou por cerca de três décadas têm evitado confrontá-la e até apoiaram a Rede.

Em março de 2013, o ex-governador e senador Jorge Viana (PT), 54, assinou petição para a criação do partido, que não se concretizou para a atual eleição. Na época, o irmão do atual governador afirmou que a nova legenda iria "fortalecer a boa política".

Há, porém, divergências. Ex-colega de militância nos anos 1980, o secretário estadual de Direitos Humanos, Nilson Mourão, 62, diz que Marina "abandonou o Acre". "Ela vem aqui só para visitar os familiares", critica.

Entre as exceções do PT que Marina conseguiu atrair ao seu projeto está Toinho Alves, 57, ex-secretário estadual de Cultura e hoje colaborador da campanha presidencial. Os dois e o líder seringueiro Chico Mendes, assassinado em 1988, militaram juntos num grupo de oposição à ditadura.

Na avaliação do cientista político da UFAC (Universidade Federal do Acre) Nilson Euclides da Silva, a alta dependência de cargos no governo estadual esvaziou seu palanque no Acre. "A ala 'marinista' do PT optou mais pela segurança de seus cargos no governo que por ir num voo cego que era a criação da Rede."


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