Folha de S. Paulo


Índios agridem e expulsam madeireiros em reserva no Maranhão

Madeireiros que trabalhavam ilegalmente em uma terra indígena da etnia kaapor foram amarrados e agredidos por índios armados antes de serem expulsos da reserva Alto Turiaçu, no Maranhão.

Os índios, que se intitulam guardiões da floresta, destruíram ao menos um caminhão dos madeireiros.

A ação, ocorrida há cerca de um mês, foi registrada em imagens divulgadas nesta quinta (4) pela agência Reuters. Algumas fotos mostram os madeireiros despidos e imobilizados, deitados no chão, e sendo agredidos com paus pelo índios. Ao menos uma mostra um homem correndo e sendo perseguido.

O episódio ocorreu entre Centro do Guilherme e Nova Olinda do Maranhão (400 km de São Luís). Segundo a Funai, os kaapor têm agido por conta própria há um mês para expulsar madeireiros.

A fundação diz que não pretende interferir na situação, exceto em caso de solicitação ao órgão ou de registro de abusos e excessos que resultem em mortos e feridos.

Questionada sobre possível ilegalidade na ação indígena, a Funai disse apenas que entrará em contato com o governo do Maranhão para evitar casos mais graves.

Não havia informações ontem (4) sobre o paradeiro dos madeireiros detidos pelos índios kaapor. O delegado da Polícia Civil responsável pela área, Jarbas Alves, afirmou que soube do episódio, mas que ninguém registrou ocorrência. Procurada, a Polícia Federal não se manifestou.

Em janeiro, a Funai informou que dois kaapors haviam sido baleados após abordarem madeireiros na reserva. Há um ano, a etnia divulgou manifesto dizendo que madeireiros entraram na aldeia, "atiraram, incendiaram casas, amarraram idosos e roubaram criações".

Cerca de 900 índios vivem na terra Alto Turiaçu, que tem 3,5 vezes a área da cidade de São Paulo.


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