Folha de S. Paulo


Análise: Quadro se estabiliza, e espaço para variações cai

Depois das mudanças provocadas pelo protagonismo de Marina Silva na exposição de sua candidatura, o quadro se estabiliza, apesar da intensificação dos ataques à ambientalista. O diagnóstico é pontual, mas o espaço para grandes variações é menor.

Mesmo que todos os eleitores que cogitam mudar o voto de fato o fizessem, Dilma e Marina continuariam empatadas acima de Aécio.

No estudo elaborado pelo Datafolha para medir o grau de afinidade dos brasileiros com cada candidato, a taxa de eleitores que se mostram convictos por Marina chega a 28%. Em relação a Dilma, esse índice é de 31% e, para Aécio, é de 11%. Estes seriam, neste momento, os pisos de cada candidato. Podem sofrer alterações durante a campanha, mas a probabilidade de que isso aconteça é baixa.

Marina tem esse desempenho porque conseguiu apoio de segmentos de grande peso quantitativo na composição do eleitorado. Dos seus 34% de intenção de voto, 16 pontos percentuais são do Sudeste e 9 do Nordeste. No caso de Dilma, o Sudeste contribui com 12, e o Nordeste com 13.

Mesmo quando proporcionalmente lidera em outros estratos de menor participação no universo, a ambientalista só alcança altas taxas de intenção de voto no total da amostra porque melhorou muito sua performance nos maiores subconjuntos da população. É o caso de seu percentual entre os católicos. Apesar de perder para Dilma no segmento e ganhar com folga entre os evangélicos, é dos primeiros que Marina recebe a maioria de seus votos (56%, contra 32%).

Novidades no quadro a partir de agora ocorrerão só com rápidas alterações no foco do debate. Considerando-se que 86% dos brasileiros concordam com a frase "acreditar em Deus torna as pessoas melhores" e que contingente proporcional pede mudanças nas diferentes esferas do poder, seria prudente alguma cautela ao tentar desqualificar candidatos por suas crenças. Ouvir Deus deve parecer, aos olhos da maioria, melhor do que ouvir políticos.

Mas, ao se constatar que 51% dos eleitores de Marina, 53% dos de Dilma e 50% dos de Aécio defendem ação forte do governo na economia para impedir abusos de empresas, tem-se aí um tema que poderia gerar discussões com bom potencial de influência. O risco é o ruído, como sabem Ciro Gomes e Celso Russomanno.

Editoria de Arte/Folhapress

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