Folha de S. Paulo


Marina rebate acusação de plágio e diz que não se pode 'privatizar ideias'

A candidata do PSB ao Palácio do Planalto, Marina Silva, rebateu nesta quarta-feira (3) as acusações de que seu programa de governo plagiou quatro trechos inteiros do Plano Nacional de Direitos Humanos lançado e publicado em decreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002.

De acordo com a ex-senadora, não se pode "privatizar ideias". "Tenho a compreensão de que a defesa dos direitos humanos não deve ser privatizada por nenhum partido", disse após uma visita à Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista. "Fico imaginando se alguém vai inventar uma outra política econômica porque a atual foi criada no governo do PSDB", completou.

O candidato tucano à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta terça que, dos dez itens de direitos humanos apresentados pelo programa de governo de Marina, quatro foram integralmente copiados da proposta de FHC. A Folha comparou os trechos do plano da pessebista apresentados como cópia pelo tucano. Os quatro parágrafos são idênticos –três são reproduções integrais e, em um deles, há troca de dois termos.

Durante discurso à comunidade médica, Marina já havia aproveitado para fazer uma defesa de seu programa de governo, que tem sido alvo de críticas desde que a candidata recuou das propostas para a comunidade gay.

Marina afirmou que "sempre haverá propostas comuns a todos os problemas". "Imagina se alguém disser: 'o Sistema Único de Saúde não pode estar no seu programa porque foi uma conquista do governo de fulano'. Não, não queremos fulanizar as conquistas. Queremos institucionalizá-las".

PROMESSAS

Aos médicos, Marina reforçou promessas como destinar 10% da receita bruta da União para a saúde, ampliar os leitos nos hospitais públicos e universalizar o SUS. Geralmente evasiva ao ser questionada sobre, caso seja eleita, de onde sairá o dinheiro para bancar os compromissos de campanha, Marina recorreu ao discurso de Eduardo Campos, seu ex-companheiro de chapa morto no mês passado, a quem citou nominalmente quatro vezes.

"Ninguém pergunta de onde vieram os R$ 500 bilhões que foram destinados ao BNDES", disse Marina. Segundo ela, os recursos irão aparecer com "responsabilidade fiscal", "transparência" e "escolhas políticas corretas".

REDE

Marina também não responde claramente quando é perguntada sobre sua permanência no PSB caso seja eleita presidente. Filiada ao partido de Campos desde outubro do ano passado, a ex-senadora deve conseguir o registro na Justiça Eleitoral para a Rede Sustentabilidade, seu grupo político, em 2015.

"Sou militante de um movimento político que vai se transformar num partido, e isso é só uma questão de tempo, independente da minha vontade [...] Vou continuar a ser presidente da República da nossa coligação, principalmente, de todos os brasileiros", disse. "Nesse momento estou filiada à determinação de mudar o Brasil", completou.


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