Folha de S. Paulo


Para 'salvar' Padilha, PT defende mais Lula e ajustes na campanha

A pouco mais de um mês das eleições, o PT discute novas alternativas para tentar dar fôlego à campanha de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. Com o temor de acabar em terceiro lugar na disputa, líderes do partido defendem reforçar a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e focar em novas áreas na propaganda eleitoral na televisão.

Em outra frente, o PT ainda investiu, na semana passada, na contração de uma equipe de 15 especialistas para atuar 24 horas nas redes sociais, municiando a militância com vitrines do candidato e propagando ações favoráveis a ele.

Os profissionais vão atuar numa dobradinha com a área virtual da presidente Dilma Rousseff, coordenada pelo ex-ministro Franklin Martins, também defendendo os 12 anos das gestões do partido na Presidência.

A eleição de Padilha é considerada a prioridade da legenda entre as corridas estaduais. Os petistas avaliam que está em jogo a chamada "fórmula Lula" ou "fórmula poste", na qual o ex-presidente escolhe um afilhado sem capital político para disputar um cargo de destaque.

Principal fiador da candidatura, o ex-presidente participou de oito eventos com o afilhado político desde o início da campanha em julho. Petistas esperam que ele comece a acompanhar o candidato em pelo menos uma agenda por semana com foco no interior do Estado, além de intensificar sua participação na propaganda da TV.

A presidente Dilma Rousseff, a ministra Marta Suplicy (Cultura) e o prefeito Fernando Haddad também gravaram depoimentos. O partido avalia que, mesmo com rejeições entre eleitores, o reforço das lideranças é importante para conquistar o eleitoral tradicional do PT, ligado aos movimentos social e sindical, que ainda não reconhecem Padilha como nome petista na corrida.

A presidente é esperada no sábado para mais uma agenda com o candidato no Estado, onde os dois participam de um ato com mulheres.

Outra demanda de petistas é para ajustes na propaganda da TV. Além de apresentar a biografia de Padilha, destacando que foi ministro de Lula e Dilma, as primeiras propagandas focaram em áreas como segurança e transporte.

A previsão é de que nas próximas semanas os filmes apostem num discurso social, voltado especialmente para esse eleitor fiel da sigla que, em média, garante um percentual entre 20% e 30% de votos a petistas na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.

As pesquisas internas do PT mostram que Padilha tem crescido entre o eleitorado que apoia a reeleição de Dilma e que antes escolhia o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Na última sondagem, o petista batia na casa dos 8% das intenções de voto. Segundo pesquisa Ibope divulgada nesta terça, ele cresceu de 5% para 7% da promessa de votos.

Pelos levantamentos petistas, Paulo Skaf (PMDB), segundo colocado, aparece com menos de 20% e Alckmin com 48%, com tendência de queda diária.

ERROS

A principal dificuldade apontada pela campanha é de que Padilha ainda é desconhecido do eleitorado, uma vez que caiu a audiência do horário eleitoral. Ao PT, 25% disseram que viram um dos cinco programas exibidos até a última sexta-feira.

Em meio às dificuldades para a candidatura deslanchar, petistas já começam a apontar nos bastidores "erros" para a construção da campanha. Circulam críticas de que Padilha recorre a um discurso tucano, voltado para o eleitorado da classe C, que soa mais natural com Alckmin e Skaf, reeditando estratégia utilizada para eleger Haddad.

Lideranças do partido enviaram recados à campanha de que o candidato precisa investir no social para se colocar como alternativa aos adversários.

Outra avaliação é de que Padilha ficou atrelado demais à campanha de Dilma, que enfrenta resistência entre os paulistas, além de ter demorado para buscar votos nas ruas e ter costurado pouco trânsito entre lideranças estaduais.

Entre as queixas, também aparece a falta de mais emoção e naturalidade ao texto de Lula na propaganda de Padilha na TV, quase sempre falando de terno e gravata.


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