Folha de S. Paulo


Divulgação de dados sobre desmatamento demora até três anos

No ano em que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem como adversária nas eleições a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PSB), o governo federal tem atrasado a divulgação de dados sobre desmatamento no país.

Essa demora tem ocorrido até mesmo com dados já finalizados pela área técnica e afetou os três indicadores de desmatamento na Amazônia: o Prodes, o Deter e o Degrad.

O principal, o Prodes, que faz uma medição anual do corte raso (quando é removida totalmente a cobertura florestal), é o que traz o risco mais negativo para a imagem do governo: a estimativa de 2013 foi de um aumento de 28% no desmatamento.

Em termos absolutos, isso significou uma estimativa de 5.843 km² desmatados entre agosto de 2012 e julho de 2013 –área equivalente a quase quatro vezes a cidade de São Paulo.

Esse dado, porém, é preliminar e foi divulgado em novembro do ano passado.

Nos dois últimos anos, o governo divulgou o resultado consolidado do Prodes nos meses de junho. Neste ano, porém, ainda não houve publicação.

justificativa

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente, o atraso na divulgação ocorreu porque a pasta só recebeu em julho os dados enviados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

O ministério afirmou que o Prodes "está sendo concluído e que, antes de divulgar os dados, o MMA faz uma análise [deles]". Explicou ainda que a publicação nem sempre ocorre em junho –em 2011, por exemplo, os dados saíram só em outubro.

No caso do Deter, que faz uma medição em tempo real dos alertas de desmatamento para orientar ações de fiscalização, apesar de ter prevista uma divulgação mensal, até o fim de agosto os dados de junho e julho não haviam sido publicados.

Na sexta-feira (29), o Ministério do Meio Ambiente divulgou informações gerais sobre esses dados do Deter, mas ainda não havia fornecido acesso aos detalhes.

O ministério informou que estava sendo feita uma operação contra o desmatamento a partir dos dados do Deter e que por isso eles não foram divulgados antes.

Um outro indicador mais detalhado, o Degrad, que mapeia áreas onde a cobertura florestal foi removida parcialmente, foi divulgado há duas semanas após pressão do projeto "Mídia e Desmatamento na Amazônia", ligado à Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância).

Até então o governo ainda não havia divulgado os dados do Degrad de 2011, 2012 e 2013 –dos quais só o ano mais recente foi positivo e mostrou redução no desmatamento.

Um técnico do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) confirmou que os dados desses três anos já estavam finalizados.

Sobre o Degrad, o Ministério do Meio Ambiente também atribuiu a demora ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que teria entregue os dados em agosto.


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