Folha de S. Paulo


A 38 dias da eleição, governo gaúcho retoma 'padrão Fifa' na segurança

Em plena campanha eleitoral, o governo do Rio Grande do Sul decidiu recriar o clima de "segurança padrão Fifa" em Porto Alegre.

Desde a semana passada, 200 policiais militares foram convocados do interior e de funções administrativas pela gestão de Tarso Genro (PT), candidato à reeleição, para atuar na capital.

Patrulham ruas movimentadas e trabalham identificados com um boné branco.

A segurança é justamente uma das áreas mais sensíveis da gestão Tarso. Eleitores a avaliam como o segundo pior setor de atuação do governo, atrás só da saúde, segundo pesquisa Datafolha deste mês.

No primeiro semestre, a quantidade de homicídios e de roubos foi a maior dos últimos anos. Porto Alegre registrou 279 homicídios dolosos, 24% do total do Estado.

Pedro Ladeira - 31.mar.2014/Folhapress
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição no Estado
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que tenta a reeleição no Estado

Durante a Copa, porém, o reforço no policiamento no centro de Porto Alegre e no entorno do estádio Beira-Rio, também com homens do interior do Estado, foi bastante elogiado pela população.

O comando da Brigada Militar (a PM gaúcha) justificou o novo reforço afirmando que a medida "dá uma resposta à sociedade" e "permite ocupar espaços públicos".

"Houve a Copa e empenho no policiamento. A população gostou. Em função disso comando e governo buscaram alternativas", disse o oficial da Brigada responsável pelo reforço, Carlos Selistre.

O governo, afirmou Selistre, está pronto para contratar mais 1.600 PMs, mas não pode homologar o vínculo por ora devido às restrições da legislação eleitoral.

O reforço na capital deve continuar até o fim do ano, e a Brigada não informa qual é o efetivo habitual na cidade.

O presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada, Leonel Lucas, aponta motivação eleitoral na medida.

"Vai terminar a eleição e isso vai sumir. Vão dizer que não vai ter dinheiro para pagar as diárias", diz.

A Secretaria da Segurança do Estado, por meio de assessoria, afirmou que a decisão é administrativa e não tem nenhuma influência da proximidade da eleição.

'INTERIOR DESGUARNECIDO'

Prefeituras do interior que ficaram com menos PMs reclamam da iniciativa. Afirmam que o deslocamento deixa desguarnecidas cidades com déficit de policiais.

"É difícil de aceitar. Há cidades com só um policial", disse Seger Menegaz (PMDB), líder da federação dos municípios e prefeito de Tapejara.

Nestas eleições, o PMDB tem candidato próprio ao governo do RS, José Ivo Sartori, rival de Tarso.

A Brigada diz ter deslocado homens de cidades com baixa criminalidade.


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