Folha de S. Paulo


'Não houve ilegalidade', afirma o presidente do Banco do Brasil

O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, disse que sua autuação pela Receita Federal foi provocada por um erro cometido no preenchimento da declaração de Imposto de Renda entregue em 2011, referente a 2010.

Ele afirmou que repetiu na declaração uma soma de R$ 200 mil em dinheiro vivo já declarada no ano anterior. Os recursos foram usados para comprar e reformar um apartamento em Sorocaba (SP) em 2010, mas Bendine disse que, por um equívoco, repetiu o valor na declaração seguinte.

"Só fui notificado sobre isso em meados de 2012. Isso foi explicado, mas não acatado pela auditora da Receita", afirmou. "Por uma avaliação jurídica e tributária do banco [do Brasil], entendemos que não era o caso de entrar com recurso, pelo menos não naquele momento. Decidimos pagar a multa e me encontro na mais perfeita normalidade em relação ao meu IR."

Bendine disse que, ao pagar a multa, houve o reconhecimento do erro, mas não a admissão de qualquer tipo de ilegalidade. "Não houve ilegalidade", afirmou. "Houve simplesmente um erro, eu reconheci. Paguei mediante uma simples exoneração de responsabilidade tributária."

Questionado pela Folha sobre as inconsistências em suas declarações ao Fisco, Bendine disse que isso mostra que seu sigilo fiscal foi quebrado "por mais de uma vez" e acrescentou que "tomará as devidas providências".

Ele disse estranhar o fato de a Receita, ao analisar sua variação patrimonial em 2010, ter feito análise mensal, o que teria resultado em um descasamento de renda e patrimônio em dois meses ao longo do exercício. "Afinal, a declaração de IR tem um ajuste anual", observou Bendine.

Questionado pela Folha sobre a origem dos R$ 200 mil em espécie declarados à Receita, ele não quis dar detalhes e disse que se trata de um assunto "pessoal e familiar".

Bendine explicou que nos anos seguintes continuou informando valores elevados em espécie (R$ 100 mil em 2012 e R$ 50 mil em 2013) por entender que seria a melhor forma de corrigir o erro de 2010.

Ele admitiu que o correto teria sido retificar sua declaração. "Devido ao lapso de tempo em que isso tinha acontecido e como as declarações tinham sido processadas e nada tinha ocorrido, me coloquei diante dessa prática."


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