Folha de S. Paulo


Dilma quer evitar confronto com Marina em debate na TV

Líder nas pesquisas de intenção de voto, a presidente Dilma Rousseff (PT) pretende evitar o confronto direto com Marina Silva (PSB) nesta terça-feira (26), durante o primeiro debate dos presidenciáveis na TV, promovido pela Rede Bandeirantes.

A petista, seguindo estratégia traçada pelo comitê da campanha, deve adotar uma linha mais defensiva que ofensiva e deixar que o tucano Aécio Neves polarize com a candidata do PSB.

Na segunda-feira (25), Dilma reuniu assessores no Palácio do Alvorada para se preparar para o debate. Apesar de internamente avaliarem que Marina já é a segunda colocada nas pesquisas, petistas defendem que a candidata adie ao máximo o enfrentamento com a ex-senadora.

Alan Marques/Folhapress
A presidente Dilma Rousseff durante entrevista no Palácio do Planalto
A presidente Dilma Rousseff durante entrevista no Palácio do Planalto

"Será inevitável, mas não será agora", diz um integrante do governo. Nesta terça, está prevista a divulgação de uma nova pesquisa do Ibope.

A ideia é que a petista se posicione como gestora, que tem a vantagem de dominar os assuntos do governo. A única possibilidade de duelo, dizem petistas, é se Marina tomar a iniciativa e for para o ataque contra Dilma.

Ainda assim, a petista foi orientada a apenas rebater as críticas, como fez no domingo (24), quando classificou como "temerária" uma fala de Marina segundo a qual o país não precisa de uma "gerente" para governar.

Mas os próprios auxiliares da petista avaliam que a tática ofensiva não combina com o perfil de Marina, por isso consideram remota a chance disso ocorrer nesta terça.

Desde que Marina foi anunciada candidata, após a morte de Eduardo Campos (PSB) em um acidente aéreo no dia 13, as campanhas petista e tucana estão sob tensão. O PT possui levantamentos internos que mostram Marina já à frente de Dilma em um eventual segundo turno.

Eduardo Knapp/Folhapress
Marina Silva e seu vice, Beto Albuquerque, posam para foto na 23ª Feira Internacional do Livro
Marina Silva e seu vice, Beto Albuquerque, posam para foto na 23ª Feira Internacional do Livro

FORA DO JOGO

Segundo integrantes da campanha do PSDB, Aécio tentará pressionar as duas adversárias para não parecer "fora do jogo" a 40 dias do primeiro turno e num momento em que o próprio partido avalia que e ele aparecerá em terceiro lugar nas próximas pesquisas eleitorais.

A estratégia do mineiro é buscar enfatizar sua trajetória: se apresentar ao eleitor –ele é o candidato mais desconhecido entre os três principais postulantes –e, ao mesmo tempo, parecer mais preparado para o posto do que a adversária do PSB.

Os tucanos acreditam que esse é um flanco a ser explorado na tentativa de "desmistificar" a candidatura de Marina. Tanto que, nos últimos dias, Aécio tem se apresentado como "a mudança segura" e o candidato "com o melhor time" para colocar o "país no rumo certo".

Divulgação
O tucano Aécio Neves durante entrevista para uma rádio no Rio de Janeiro
O tucano Aécio Neves durante entrevista para uma rádio no Rio de Janeiro

Até a entrada de Marina na disputa, Dilma vinha sendo o alvo preferencial de Aécio. No debate, ele deve fazer críticas à inflação, ao inchaço da máquina pública e à administração da Petrobras.

Segundo assessores, Marina se apresentará, assim como fez em 2010, como alternativa à polarização entre PT e PSDB. A ideia é não partir para o ataque aos adversários e se mostrar como herdeira do legado de Campos.

Segundo integrantes da campanha do PSB, a candidata ao Palácio do Planalto chega com vantagem ao primeiro debate entre os presidenciáveis. A avaliação é de que os principais candidatos não farão ataques agressivos diretos a Marina.


Endereço da página: