Folha de S. Paulo


Não vou cooptar setores do PSB que não apoiam Marina, diz Aécio

O senador Aécio Neves (PSDB), candidato à Presidência, disse nessa sexta-feira (22) que não fará "cooptação" de setores ou aliados do PSB insatisfeitos com a escolha de Marina Silva como candidata da sigla. Apesar disso, afirmou que serão "bem-vindos" quem aderir à sua proposta.

"Tenho o maior respeito pelo PSB. Não vou fazer nenhuma ação junto ao PSB, cooptação de quem quer que seja. Se ao longo da caminhada nossa proposta sensibilizar setores do PSB ou ligados ao PSB, obviamente que serão bem-vindos", disse ele, durante visita ao centro de reabilitação da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), no Rio.

Políticos do PSB e aliados insatisfeitos com a escolha devem aderir à campanha tucana. O movimento é mais intenso nos Estados em que o agronegócio é mais forte, como MT, MS e GO.

"Não vou fazer o governo do PSDB, mas dos melhores brasileiros", disse o tucano.

Aécio manteve a estratégia de não atacar Marina, mas afirmou estar seguro de que estará no segundo turno.

"Nós somos a mudança segura, verdadeira e consistente que o Brasil espera", afirmou ele.

O tucano defendeu investigação sobre a doação dos bens da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, para os filhos. Ele criticou o que considera "pressão" sobre o TCU (Tribunal de Contas da União) por parte do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams.

"O TCU não é, como quer fazer parecer o governo, um órgão subordinado ao Poder Executivo. Ele é assessor do Poder Legislativo. A sua função é fiscalizar as ações do governo. O que eu percebo é que há um governo a beira de um ataque de nervos pelas possíveis consequências de uma decisão do TCU. Não parece adequado a forma como o advogado-geral da União, Adams, se manifesta junto ao TCU para impedir uma decisão, seja ela qual for."

BOLSA FAMÍLIA

Aécio também disse que, se eleito, dará um adicional aos beneficiários do Bolsa Família cujos filhos tenham bom desempenho na escola. O valor extra também atingiria pessoas que buscarem qualificação profissional.

O plano faz parte do programa Família Brasileira, proposto pelo tucano para atuar em conjunto ao Bolsa Família. A intenção, diz ele, é incentivar a qualificação dos beneficiários do programa para a "superação da pobreza".

"Uma família cujo filho tem um desempenho escolar acima da média pode receber um 'plus' de 30% no Bolsa Família, para estimular que ele se qualifique. Um pai de família que está passivo na praça porque não está preocupado porque recebe o Bolsa Família. Se ele se qualificar, durante o período de qualificação, mais 50% do valor do Bolsa Família. Vamos ser proativos nisso. O governo do PT se contenta com a administração da pobreza. Quero me preocupar com a superação da pobreza", disse.

O programa Família Brasileira, proposto pelo tucano, prevê, além da transferência de renda, investimento na infraestrutura da região com beneficiários e ações sociais voltadas a essas famílias.

O tucano disse que pretende fazer um levantamento entre os beneficiários do programa para identificar as carências que atingem cada família –como existência ou não de banheiro na residência, ou presença de familiar no sistema prisional, entre outras. Elas serão classificadas em cinco níveis e a intenção é que ninguém permaneça no mesmo patamar por mais de um ano.

"Vamos interferir mais. Não vamos aceitar passivamente que você simplesmente dando um cartão do Bolsa Família coloca na sua estatística que essa pessoa não é mais carente. Vamos tratar a pobreza como privação de renda, serviços básicos e de oportunidades", afirmou o candidato.

Segundo ele, após a classificação, diferentes ministérios fariam ações voltadas a essas famílias. O questionário aos beneficiários avaliaria, em seu eventual governo, entre "20 e 30 carências específicas".

"A família vai continuar recebendo o Bolsa Família. Mas haverá ações transversais com o objetivo que nenhuma família fique mais de um ano no mesmo nível."


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