Folha de S. Paulo


Alvo da nova fase da Operação Lava Jato está fora do país

Um dos principais alvos da Polícia Federal na sexta fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (22), é um empresário que firmou contrato com a Petrobras e é sócio de um dos genros de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal.

Alvo de mandado de condução coercitiva, Marcelo Barboza Daniel está fora do país. Ao procurá-lo na manhã desta sexta para que prestasse depoimento, a PF foi informada que ele está em viagem aos Estados Unidos. Os policiais conseguiram falar com ele e, mesmo fora do país, o empresário se colocou a disposição da Justiça. Comprometeu-se a prestar depoimento tão logo retorne ao Brasil.

O nome do empresário já havia sido citado em documentos da Operação Lava Jato. Ele é sócio de um dos genros do ex-diretor da estatal numa empresa chamada Pragmática. Essa empresa firmou contrato de R$ 2,5 milhões com a Petrobras para prestar serviço de qualificação e capacitação.

Quebra de sigilo bancário de Paulo Roberto Costa indicou que ele movimentou numa única conta R$ 3 milhões em quatro meses neste ano. Parte desse dinheiro foi repassado pelo novo alvo da PF. "Foi verificado um pico de movimentação no mês de 02/2013, no valor de R$ 1 milhão, proveniente de TED recebida de Marcelo Barboza Daniel", diz relatório da PF. No mesmo documento, Barboza é citado como sócio de sete empresas com sede no mesmo endereço no Rio.

Daniel Marenco - 30.mai.2014/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua residência no Rio, em maio deste ano
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua residência no Rio, em maio deste ano

INVESTIGAÇÃO

Costa foi diretor da Petrobras e, depois de deixar o cargo, passou a atuar na área de consultoria. É suspeito de manter parceria com o doleiro Alberto Youssef e de usar o prestígio na Petrobras para intermediar negócios com fornecedoras e empresas que prestam serviços para a estatal.

A PF passou a investigar empresas e movimentação financeira do ex-diretor da Petrobras e da família dele depois que as filhas e os genros de Costa foram filmados dentro do elevador carregando documentos do escritório do ex-diretor da Petrobras.

Costa foi preso em março, três dias depois de deflagrada a primeira fase da Lava Jato, suspeito de ocultar documentos. Parte da papelada que a PF conseguiu apreender dá, segundo investigadores, algumas pistas de como Costa planejava usar familiares em negócios considerados suspeitos. Um dos documentos diz respeito à abertura de empresas em paraísos fiscais em nome da mulher e das duas filhas dele.

Depois de passar 59 dias na cadeia, o ex-diretor da Petrobras foi solto e voltou a ser preso dias depois, dessa vez por risco de fuga. Costa escondeu da polícia que tinha um passaporte português e contas na Suíça com saldo de U$ 23 milhões.

As contas atribuídas a Costa e a seus familiares estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais, um recurso usado para dificultar que as autoridades encontrem e sequestrem os valores.


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