Folha de S. Paulo


Análise: Programa já busca polarização, mas eleitor-telespectador foge

O marqueteiro Duda Mendonça voltou à primeira divisão disposto ao risco. De cara, seu candidato Paulo Skaf chamou Geraldo Alckmin pelo nome e disse não entender "como o povo de São Paulo se contenta com tão pouco".

Mendonça parece ir contra seus próprios ensinamentos –ele que atenuou as imagens de Lula e até Paulo Maluf–mas o propósito é outro, no momento: fixar Skaf como pólo oposto a Alckmin, em lugar de Alexandre Padilha. Este seguiu na linha petista já estabelecida e sem risco, "paz e amor", de João Santana, discípulo de Mendonça.

A polarização Skaf-Alckmin se evidenciou também no embate subliminar. O primeiro dizendo coisas como "vocês já deram dez anos pro Alckmin como governador". O segundo, "tem sido sempre assim e vai continuar assim", "manter no rumo certo".

A eternização de Alckmin e do PSDB no poder em São Paulo é a questão, ao fundo, da campanha deste ano. No âmbito nacional, a polarização ficou para hoje e os próximos dias de propaganda. O primeiro dia foi ainda voltado à morte de Eduardo Campos, sem lugar para Marina Silva e seu fascínio.

Aécio Neves escondeu FHC, como os tucanos anteriores, e concentrou o fogo no governo que começou "quatro anos atrás", de Dilma Rousseff, não de Lula.

De sua parte, apesar da vantagem brutal de tempo, Dilma confirmou a dificuldade de encarar os olhos do eleitor-espectador e soar minimamente natural, agradável. Até regrediu em relação a 2010, quando ao menos tinha a desculpa da inexperiência.

Skaf, Alckmin, Padilha, Marina, Dilma, Aécio: eles têm outro obstáculo, bem maior que eventuais ataques uns aos outros. Os números de audiência do primeiro dia do horário eleitoral foram devastadores para a TV aberta, com fuga para a TV paga.

Puxaram até o "Jornal Nacional" para menos de 20 pontos. E é a primeira semana, aquela em que a propaganda ainda consegue alguma atenção, antes da "barriga" de audiência que se estende até o final de setembro.


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