Folha de S. Paulo


Carlinhos Cachoeira ameaça abrir acervo contra candidatos em Goiás

O empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoreira", ameaçou, em artigo, revelar envolvimento de políticos de Goiás com o bicho e outras irregularidades. Cachoeira – que foi preso 2012 pela Polícia Federal e libertado no mesmo ano , está no centro do debate eleitoral do Estado, depois que o candidato do PMDB, Iris Rezende (PMDB), passou a usar seu nome como munição contra o governador e candidato à reeleição, Marconi Perillo (PSDB).

Num artigo publicado no jornal "Diário da Manhã", Cachoeira mira especialmente em Iris.

"Não se esqueça Iris do seu encontro com o manda chuva e mais dois diretores da Delta, em sua fazenda no Mato Grosso, em que o cardápio trazia pescaria e também outros assuntos não tão republicanos, tudo, como sempre acontece comigo, devidamente documentado", ameaçou Cachoeira, preso durante operação da PF para desmantelar o jogo em Goiás .

No artigo, Cachoeira acusou ainda Iris de ter recebido dinheiro do jogo durante a campanha de 1990.

"Iris, quando era candidato a governador em 1990, participou de todas as solenidades de fim de ano da 'Look Loterias', empresa que gerenciava então toda a operação do jogo do bicho em Goiânia. Lá, em um ginásio de esportes, entregou brindes e prometeu, mas não cumpriu, doar casas para os cambistas presentes. Aos proprietários encantou-os com a possibilidade de legalizar o jogo. Como retribuição teve farta contrapartida financeira".

Cachoeira diz ter participado de um jantar na casa de Iris com a presença do senador Maguito Vilela e dois empresários. E conclui: "Vá cuidar de sua fortuna de mais de um bilhão de reais e sobrevoe, nas asas do seu avião King Air, áreas públicas distribuídas a associações filantrópicas e que, estranhamente, foram parar nas mãos de particulares".

Além de Iris, o artigo contém ataques velados a políticos do Estado. Ele cita, por exemplo, a expressão "frango de granja", apelido atribuído a Perillo.

O coordenador-geral da campanha de Iris, Sandro Mabel, disse que vai entrar com uma ação judicial contra Cachoeira no "momento adequado". Segundo Mabel, Iris não é o único alvo do artigo. Por isso, não vai discutir com contraventor. "A gente não traz Malandro para campanha. Não vamos discutir com Malandro. O Cachoeira já foi até preso".

Cachoeira ganhou repercussão nacional em 2004 após a divulgação de vídeo gravado por ele no qual Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil José Dirceu, cobra propina para arrecadar recursos para campanhas.


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