Folha de S. Paulo


Viúva de Campos rejeita ideia de ser candidata a vice

A viúva do ex-governador Eduardo Campos, Renata Campos, indicou a dirigentes do PSB que apoia a candidatura presidencial da ex-senadora Marina Silva, mas deve rejeitar a ideia de assumir a vaga de vice da chapa, argumentando que precisa dedicar mais tempo à sua família.

Encerradas as cerimônias fúnebres de Campos, o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, reuniu-se nesta segunda-feira (18) com Renata, para pedir formalmente seu aval à indicação de Marina. Renata disse que aprova a candidatura e que essa seria a vontade do marido.

Desde a morte de Campos, em um acidente de avião em Santos (SP), na quarta-feira (13), Renata tem rejeitado a ideia de ser vice da chapa dizendo a amigos que precisa se dar atenção aos cinco filhos que teve com Campos. O caçula, Miguel, tem sete meses.

Beto Macário/UOL
Acompanhada dos filhos, Renata Campos discursa durante evento do PSB em Pernambuco
Acompanhada dos filhos, Renata Campos discursa durante evento do PSB em Pernambuco

Integrantes do PSB afirmam que, mesmo diante das negativas, Amaral e Carlos Siqueira, coordenador da campanha de Campos, fariam um aceno a Renata durante a reunião, indicando que o partido não se oporia se ela manifestasse interesse pela vaga.

"Não vou oferecer nada. Mas vou ouvi-la. Depois, ouvir Marina e os partidos aliados", disse Amaral à Folha.

A chapa encabeçada por Marina precisa do apoio de quatro das seis siglas que compõem a coligação do PSB para ser oficializada nesta quarta-feira (20), em Brasília.

Irmão de Campos, Antonio Campos falou nesta segunda (18) sobre a resistência de Renata a assumir o posto. "Mas, se decidir, tem nosso apoio".

Funcionária de carreira do Tribunal de Contas de Pernambuco, Renata poderia se candidatar se quisesse porque se afastou do trabalho dentro do prazo exigido pela legislação eleitoral para ocupantes de cargos públicos que querem disputar as eleições.

Ela se afastou meses antes do prazo, em janeiro, quando tirou licença-maternidade. Vencido o prazo da licença, ela tirou férias para participar da campanha eleitoral.

Integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e advogados ouvidos pela Folha dizem que, de acordo com a jurisprudência do tribunal, o que importa é saber se o candidato exerceu ou não a função pública no período.

O PSB não consultou os advogados da campanha sobre a possibilidade de Renata ser a vice. Aliado de Campos e com boa relação com a ex-senadora, o deputado Beto Albuquerque (RS) é o mais cotado para vice da nova chapa.

Nesta segunda (18), dia de seu aniversário de 47 anos, Renata fez seu primeiro pronunciamento político desde a morte de Campos. Sem citar Marina, disse que participará "por dois" da campanha em Pernambuco, onde o PSB concorre ao governo estadual com um ex-secretário de Campos, Paulo Câmara.

"Como participei a vida toda de campanha, não será diferente nesta. Pelo contrário. Tenho a sensação de que tenho que participar por dois".
Segundo o Datafolha, Câmara tem 13% das intenções de voto, contra 47% de Armando Monteiro Neto (PTB).

Colaborou JOÃO PEDRO PITOMBO, enviado especial ao Recife


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