Folha de S. Paulo


Identificação das vítimas do avião deve ser demorada, afirma diretor do IML

Cerca de 50 pessoas trabalham na identificação dos restos mortais das sete vítimas do acidente de avião em que estava o candidato a presidente Eduardo Campos (PSB), segundo o diretor do IML de São Paulo, Ivan Miziara. Embora não haja prazo definido para a conclusão das identificações, o processo deve demorar dias.

O avião em que estava o ex-governador e presidenciável caiu nesta quarta-feira (13) em Santos, no litoral paulista. As sete pessoas que estavam dentro da aeronave morreram.

A identificação começou a ser feita na noite de quarta. Em Santos, as buscas por fragmentos dos corpos já estão na fase final. O trabalho dos bombeiros, segundo o capitão Marcos Palumbo, foi suspenso e agora estão no local equipes da Defesa Civil e da Aeronáutica.

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"Esperamos concluir a identificação o mais rápido possível para que a dor dessas famílias não se prolongue. É um trabalho complexo. Não temos prazo, porque a gente segue protocolos internacionais de identificação para situações como essa", afirmou o diretor.

Em Santos, o delegado Aldo Galiano Júnior, que acompanha as investigações, disse que o trabalho de identificação e liberação dos corpos pode ocorrer em um prazo de dois a três dias.

De acordo com Galiano, a Polícia Civil vai utilizar as informações do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) para basear a conclusão.

"Dependemos do laudo da Aeronáutica para sabermos as causas", disse.

Beto Albuquerque, vice-presidente nacional do PSB, partido de Eduardo Campos, está nesta quinta no IML e disse que, "em um prazo muito otimista, a identificação dos restos mortais acabará no sábado".

Ainda de acordo com o pessebista, nenhum corpo será liberado antes dos outros –sete pessoas morreram no acidente de quarta-feira (13), em Santos, no litoral paulista.

Embora o dentista de Eduardo Campos, Fernando Cavalcanti, tenha enviado registros da arcada dentária do pessebista ao instituto, Miziara diz que "o grosso" da identificação será feita por exames de DNA, por conta dos estado dos fragmentos de corpos. A coleta de amostras de sangue e saliva dos familiares de primeiro grau das vítimas para comparação genética, segundo ele, já está sendo feita.

O material genético de parte dos parentes das vítimas será transportado do Recife e de Aracaju. As amostras das famílias do copiloto Marcos Martins e do assessor Pedro Almeida Valadares estão sendo coletadas em São Paulo e o do piloto Geraldo Magela, em Minas Gerais.

AUTORIDADES

Autoridades da política pernambucana estiveram na manhã desta quarta no IML central de São Paulo, em Pinheiros, onde os fragmentos de corpos são analisados. Além de Beto Albuquerque, estiveram no local o deputado federal Júlio Delgado (PSB), o candidato a governador de Pernambuco pelo PSB, Paulo Câmara, e o ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB).

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, o ex-ministro da Saúde e candidato ao governo Alexandre Padilha também estiveram no IML.

Até as 12h, dois veículos transportaram para a instituição os restos mortais das vítimas. A chegada de ao menos mais um veículo é esperado até o fim do dia.

Um dos carros chegou às 20h45 desta quarta e um às 7h40 da quinta.Ao todo, segundo funcionários do órgão, foram transportados 11 sacos com os restos mortais de Santos à capital.

ACIDENTE

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu nesta quarta (13) em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.

Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite desta quarta-feira (13) na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.

Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.

O PSB tem dez dias para anunciar eventual substituição do candidato. Adversários na disputa, PT e PSDB já se preparam para enfrentar Marina Silva, a vice de Campos. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente "tirou a vida de um jovem político promissor". Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB) disse ter perdido um amigo.

Marina declarou que guardará dele a imagem de "alegria" e "sonhos". Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.


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