Folha de S. Paulo


Análise: Com entrevistadores incisivos, 'JN' destoa do padrão

Não são poucas as exigências do "Jornal Nacional" para o presidenciável que aceita sentar na bancada azul metálica da TV Globo para ser entrevistado ao vivo por William Bonner e Patrícia Poeta.

Por melhor que seja seu traquejo, sua postura corporal e sua capacidade cênica, o candidato sempre estará bem abaixo dos experientes, entrosados e treinadíssimos apresentadores nesses quesitos tão caros à TV. Nisso, aliás, não há nem disputa. É uma covardia. Quando o cronômetro começa a rodar, o entrevistado já larga derrotado.

Mas tem ainda tudo aquilo que o postulante terá que dizer durante a entrevista. O conteúdo, digamos. Falando para milhões de eleitores, é preciso pensar rápido e, ao mesmo tempo, ser direto, preciso, conciso, inteligente, didático, convincente e... simpático. Ah, sim, e não pode demonstrar nervosismo. Contra a natureza, é preciso ainda parecer tranquilo, à vontade.

A pauta é mais ou menos previsível. Bonner e Poeta irão inquirir sobre os cinco ou seis grandes temas do noticiário que estão na órbita do candidato. No caso de Aécio Neves, economia, política social e mensalão tucano (tratado no "JN" como "mensalão mineiro"), além do caso do aeroporto de Cláudio (MG).

Bem diferente do que ocorre com a cobertura regular do telejornal no dia a dia, porém, os entrevistadores agora são bastante incisivos. Em 2010 já foi assim. Sem rodeios, o comandante da bancada denuncia que o entrevistado não respondeu uma ou outra pergunta.

Como se estivesse pedindo socorro, o candidato dá aquela risadinha. Mas a colega de bancada, moça deslumbrante que você está acostumado a ver em capa de revista feminina, não sorri. Ela continua séria e compenetrada.

Em 2011, Patrícia Poeta foi criticada por uma entrevista que fez com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Destaque do "Fantástico", a conversa foi considerada chapa-branca. Num trecho, ela chegou a perguntar se, nas reuniões com as ministras, não tinha "o momento do papo mais mulher: bolsa, sapato, filhos e netos". No "JN" é papo reto.


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