Folha de S. Paulo


Aécio sugere novo slogan para governo e rebate Dilma sobre salário mínimo

Em visita a Manaus neste sábado (9), o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, classificou a gestão Dilma Rousseff como "autoritária" e acusou a presidente de mentir sobre propostas da oposição para o salário mínimo.

Questionado sobre as investigações das alterações feitas por computadores do Planalto em perfis de jornalistas e políticos na Wikipédia, enciclopédia virtual colaborativa, Aécio disse que o governo "acha que tudo pode".

"É mais uma demonstração do autoritarismo deste governo, que acha que tudo pode, que é dono do país e até da história das pessoas", disse. "Eu sou grande vítima dessa ação inescrupulosa de setores do governo, que buscam alterar a biografia de pessoas que tem posições independentes", afirmou, ao lado do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB).

"Está na hora de a presidente da República dizer com muita clareza quais providências está tomando, senão está na hora de mudar o slogan do seu governo de 'Brasil para todos' para 'Brasil, eu não sabia de nada'", declarou o tucano. "Cada denúncia que surge, seja em relação a mensalão, Petrobras, é sempre 'eu não sabia de nada'".

SALÁRIO MÍNIMO

Aécio também subiu o tom ao falar sobre o salário mínimo. Na quinta (7), Dilma afirmou em evento com sindicalistas que opositores planejam, como medida de combate à inflação, acabar com a atual política de reajuste do salário mínimo.

"Ela disse, dirigindo-se claramente a nós, que não íamos garantir reajuste real do salário mínimo. Mentiu a senhora candidata a presidente da República", afirmou Aécio. "Mentiu pois fomos nós, ao lado do Solidariedade e do Paulinho da Força, que apresentamos projeto que garante reajuste real do salário mínimo nas bases atuais até 2019 [...] Em razão do desastre que tem sido a condução da economia neste governo, o aumento real do salário mínimo, no ano que vem, será de 1%."

O tucano afirmou que Dilma tem divulgado números "desconexos" sobre o tema. "O aumento real do salário mínimo no governo Fernando Henrique [1995-2002], com todas as dificuldades, foi de 45%. No governo Lula [2003-2010], com as reformas macroeconômicas, foi um pouco mais de 50%. Já o aumento real do salário mínimo da atual presidente é de cerca de 12%.", disse Aécio.

Aécio reiterou a intenção de conceder mais autonomia aos municípios, descentralizando o poder. "Hoje só é atendido quem é amigo do rei ou da rainha. Não existe essa história de que o dinheiro é federal, estadual ou municipal. O dinheiro é público."

Após entrevista, o candidato do PSDB à Presidência cumprimentou e conversou com eleitores em um centro popular de compras na cidade, tomou suco de laranja, tirou fotos e gravou vídeos. Ainda na tarde deste sábado, a comitiva de Aécio viajaria até Rio Branco (AC).

ZONA FRANCA

O encontro tucano também reforçou a conciliação entre Arthur Virgílio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Na quarta-feira (6), em encontro no Palácio dos Bandeirantes, os tucanos assinaram acordo sobre regras do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos bens de informática produzidos na Zona Franca de Manaus.

Com o acordo, São Paulo se dispõe a dar isonomia aos produtos de informática de Manaus, o que representa uma redução de 6% na carga tributária.

Em 2012, Arthur Virgílio declarou publicamente o rompimento com Alckmin após o governo paulista ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal) com uma ação que questionava uma desoneração de ICMS concedida pelo Amazonas. Ele chegou a afirmar que Alckmin não era bem-vindo na cidade.

Na terça-feira (5), o Congresso Nacional promulgou a proposta de emenda à Constituição que prorroga os benefícios tributários da Zona Franca por 50 anos, que iriam até 2023, estendendo o prazo até 2073.


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