Folha de S. Paulo


Ministério Público vai investigar oferta de propina a político do Pros

O Ministério Público Eleitoral vai apurar a suposta oferta de propina feita a um deputado federal em troca de apoio político do partido dele, o Pros, à coligação de Paulo Câmara (PSB), escolhido para disputar o governo de Pernambuco pelo presidenciável Eduardo Campos (PSB).

Como a Folha mostrou nesta terça-feira (22), o deputado federal José Augusto Maia (Pros-PE) disse ter recebido e recusado oferta de propina para que o Pros apoiasse a campanha de Câmara, garantindo ao pessebista a ampliação de seu tempo de propaganda eleitoral.

O Ministério Público Eleitoral pode solicitar ajuda da Polícia Federal na investigação. O procurador da República João Bosco de Araújo Fontes Júnior já está analisando o caso. O andamento da apuração "dependerá da análise das provas sobre a ilegalidade ou não do fatos relatados", disse a Procuradoria Regional da República.

A Polícia Federal entrará na apuração se houver um pedido formal. "No caso de crimes eleitorais, a PF não tem poder de solicitar inquérito de ofício", disse o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

Adversário de Câmara na eleição ao governo de Pernambuco, o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) afirmou que também pedirá apuração ao Ministério Público Eleitoral, "diante da gravidade das denúncias".

DATAS

Segundo o relato de Augusto Maia, a proposta de propina foi feita pelo presidente nacional do Pros, Eurípedes Jr., e pelo líder da bancada do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), em dois encontros –em 12 e 16 de junho.

Ambos negam a oferta de dinheiro –R$ 6 milhões, segundo relato de Augusto Maia a colegas. Eduardo da Fonte diz que nunca se encontrou a sós com Augusto Maia. Nesta quarta, o pepista mandou a comprovação de que estava em viagem ao exterior na data do suposto encontro.

Questionado, Augusto Maia afirmou que se confundiu. Antes havia dito que o encontro ocorrera na véspera do jogo Brasil e México, em Fortaleza (16 de junho). Nesta quarta (23), disse que era na verdade na véspera do jogo entre Brasil e Colômbia, em Fortaleza (3 de julho).

"Isso mostra que não há nenhuma credibilidade no que ele diz", disse Eduardo da Fonte, acrescentando que entrará no Supremo Tribunal Federal com uma queixa-crime contra o parlamentar.

Pros e PP, que atuam em bloco em Brasília e que nacionalmente apoiam a reeleição da presidente Dilma Rousseff, acabaram aprovando o apoio a Paulo Câmara.~

Augusto Maia é aliado de Armando Monteiro e resistia à aprovar a coligação. Ele comandava o Pros no Estado, o que se revelou um empecilho para a movimentação política da direção nacional do partido. O deputado acabou destituído da presidência local do partido, que aprovou a coligação com o PSB.

Nos bastidores da campanha de Campos, a ordem é restringir a reação ao caso ao PSB de Pernambuco para não abalar a imagem de Campos.


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