Folha de S. Paulo


Em defesa de Lula, Padilha também pede que Alckmin 'dê exemplo'

Em reduto eleitoral do PT, o candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha saiu em defesa, nesta terça-feira (22), do ex-presidente Lula e reforçou o discurso contra o governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB). Ele também enalteceu ações propostas de sua gestão no Ministério da Saúde para a região.

Padilha fez caminhada no centro de Guarulhos, na Grande São Paulo, acompanhado do prefeito da cidade, Sebastião Almeida (PT), do senador Eduardo Suplicy (PT) –que também disputa mais um mandato– e de candidatos a deputados.

Em palanque, após a passeata, o petista afirmou que "na última sexta-feira [18], o presidente Lula fez um comentário sobre o governo do Estado em relação à crise de água" e "o governador foi para a imprensa dizer que o presidente Lula tem que dar exemplo".

"Eu, que convivo com o presidente Lula desde 89, quero dizer para o governador que quem tem que dar exemplo é o governador, que vive no Palácio dos Bandeirantes e, enquanto a Sabesp fez campanha e nós fizemos campanha [de redução do consumo], porque nós somos responsáveis, o consumo de água do Palácio dos Bandeirantes aumentou mais de 20% em janeiro desse ano", afirmou.

Na sexta, em cima de um carro de som na praça da Sé, no centro da capital paulista, o ex-presidente criticou Alckmin para uma plateia de militantes. O petista afirmou que as gestões dos tucanos nos últimos 20 anos no Estado são tão problemáticas que "nem água para beber estão garantindo para o povo", em referência à crise de água no Estado.

Lula ainda provocou diretamente o governador. "Eu não sei quantos banhos por dia está tomando o governador, mas tenho certeza que na periferia as pessoas não estão tomando banho para ter água para lavar roupa ou lavar a louça. Se ele não sabe disso, é importante alguém contar", disse.

Em nota à Folha, Alckmin respondeu ao ex-presidente sem citá-lo nominalmente. "Disputa política se faz com respeito e educação. É isso o que quer a sociedade. É isso o que quer São Paulo. Os líderes políticos deveriam dar o exemplo", disse.

No discurso desta terça, Padilha também disse que "quem tem que dar exemplo é o governador" porque "já fazia parte do grupo do governo em 2004, quando foram listadas as obras para São Paulo reduzir a dependência do sistema Cantareira". Ele disse que a cidade ganhará faculdade de medicina com recursos do governo federal e prometeu "metrô até o centro de Guarulhos, não apenas até o aeroporto de Cumbica".

O candidato fez agenda no calçadão de área comercial da cidade e entrou nos estabelecimentos ao lado do ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, candidato a deputado estadual pelo PT, cumprimentando vendedores e lojistas.

CAMPANHA SEM ATAQUES

Ao contrário da sexta, os candidatos do PT e do PC do B que subiram ao palanque evitaram criticar Paulo Skaf (PMDB), que disputa o cargo de governador com Padilha. No evento que teve a presença de Lula, o peemedebista foi citado por membros do PT, que o chamaram de "candidato patrão", que "não representa os trabalhadores".

No entanto, como a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff tenta abrir um segundo palanque em São Paulo, o PMDB cobra como contrapartida um pacto de não agressão na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

Em Guarulhos, Padilha disse que "não faria campanha de ataques" porque quando as outras candidaturas "abrem a boca, falam por si só" da forma que tratariam movimentos sociais e sindicatos.

No último mês, Skaf tem reforçado discurso de que a polícia e o governo precisam reprimir de forma mais eficaz greves consideradas ilegais, como a dos metroviários, e manifestações.

Com o início da campanha eleitoral, o PT tenta reverter os resultados das pesquisas de intenções de votos no Estado. Pesquisa Datafolha divulgada na quinta (17) mostrou Alckmin com 54%, seguido de Paulo Skaf (PMDB), com 16%. Padilha pontua 4%.


Endereço da página:

Links no texto: