O doleiro Alberto Youssef é réu numa nova ação penal, sob acusação de ter ajudado o deputado José Janene (PP-PR) a dar uma aparência legal a parte dos recursos que o parlamentar recebeu do esquema do mensalão.
A acusação contra o doleiro foi aceita pela Justiça federal do Paraná nesta terça-feira (15).
Janene foi réu do mensalão, mas morreu em 2010 de problemas cardíacos antes que a ação penal fosse concluída.
Ele recebeu R$ 4,1 milhões do esquema criado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, segundo as investigações do mensalão, esquema montado pelo PT para obter apoio no Congresso de partidos aliados.
Uma parte do dinheiro do mensalão repassado a Janene (R$ 1,17 milhão) foi usado pelo parlamentar para entrar como sócio de um empreendimento industrial em Londrina, a Dunel Indústria.
Segundo a denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato, Janene queria usar a indústria para lavar dinheiro.
Os procuradores acusam Youssef de ter repassado R$ 618,4 mil a Janene. O doleiro usou uma empresa que controlava, a CSA Project Finance, para fazer o repasse.
Outro doleiro, Carlos Habih Chater, intermediou o repasse de R$ 537,3 mil do esquema do mensalão para Janene, de acordo com a denúncia dos procuradores.
Para dar uma aparência legal a parte dos recursos, o doleiro simulou que a CSA emprestava para uma empresa que ajudava a constituir o empreendimento industrial em Londrina.
Uma filha de Janene, Danielle Kemmer Janene, também é acusada de ter participado da lavagem de dinheiro. Ao todo são dez réus na nova ação penal.
O juiz federal Sergio Moro decretou uma nova prisão preventiva de Youssef e Chater e de dois subordinados desses doleiros.
Os dois funcionários dos doleiros chegaram a falsificar um contrato de empréstimo para justificar o ingresso de recursos ilícitos em uma das empresas, segundo a denúncia aceita pelo juiz.
Preso desde 17 de março deste ano, Youssef é acusado de comandar um esquema de lavagem que teria movimentado R$ 10 bilhões.