Folha de S. Paulo


Padilha enfrenta saia justa com empresários por Haddad e Dilma

Em um debate com empresários, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, enfrentou nesta terça-feira (15) uma saia justa ao ser cobrado pela má avaliação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e pela gestão da presidente Dilma Rousseff.

O petista também foi pressionado a dar explicações por ter perdido o apoio do ex-prefeito Gilberto Kassab para seu adversário Paulo Skaf (PMDB), sobre os condenados do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a relação do PT com movimentos sociais e ainda foi ironizado pela participação de médicos cubanos no programa Mais Médicos, sua principal bandeira no Ministério da Saúde.

Juliana Knobel/Frame/Política
O candidato ao governo de SP pelo PT, Alexandre Padilha, participa de seminário promovido pelo Lide, na Vila Olímpia (SP)
O candidato ao governo de SP pelo PT, Alexandre Padilha, participa de seminário promovido pelo Lide

Padilha evitou polemizar ou partir para o embate com a plateia. Ele tratou com bom humor a maioria das provocações e se apegou especialmente ao ex-presidente Lula, seu padrinho político, para reagir.

"Tenho a felicidade de ter Dilma como presidente e o Lulinha solto aqui como cabo eleitoral em São Paulo", afirmou o petista durante seminário promovido pelo LIDE (Grupo de Líderes Empresariais).

A campanha petista enfrenta dificuldades para decolar com o eleitorado paulista. Entre os motivos apontados pelo comando do partido estão a desempenho do prefeito, aprovado por apenas 17% da população paulistana segundo Datafolha, e a resistência do eleitorado do Estado a Dilma.

A política econômica da presidente tem sido alvo constante de críticas do empresariado, que ensaiam aproximação com seus principais adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Na campanha ao governo de São Paulo, há um temor de que o mau humor do empresariado acabe afetando a arrecadação.

No seminário, Padilha foi questionado porque não fez referências diretas ao longo de sua fala de mais de 25 minutos a Haddad e Dilma e recorreu a Lula. Ele tentou minimizar dizendo que Lula e Dilma "são indissociáveis".

Ele negou que a administração de Haddad possa trazer embaraços a sua campanha e lançou uma vacina sobre as ações do correligionário que são polêmicas, como o corredor exclusivo de ônibus. "Ele terá quatro anos e vai ter o tempo necessário para que faça o que tem que ser feito".

O petista recorreu o futebol para tentar minimizar a má avaliação de Haddad, mas foi constrangido pelo empresário João Dória Júnior.

Padilha afirmou que "ninguém pode julgar time nos 38 minutos de partida".

O empresário interrompeu e lembrou que na Copa do Mundo a seleção brasileira perdeu de 7 a 1 para a Alemanha, sendo que em "em 38 minutos o Brasil já tinha tomado cinco gols". "Aí é um caso excepcional", rebateu Padilha, provocando risos na plateia.

O candidato disse que Haddad tem contribuições a dar a seu plano de governo como o fim da aprovação continuada para estudantes, o Bilhete Único metropolitano, que ele prevê uma redução em até um quarto o preço da passagem para o usuário. Ele disse que a faixa exclusiva de ônibus foi um ato de coragem de Haddad e disse apostar que ele será reeleito.

Padilha disse que não se pode ficar comparando São Paulo com o Brasil, diante do potencial do Estado. "A gente não pode comparar o sistema financeiro de São Paulo com o Brasil, não podemos comparar o desenvolvimento econômico, a renda per capita. Tem que olhar além. Quero ser governador para utilizar todo o potencial que só são Paulo pode oferecer no país."

Ele arrancou aplausos dos empresários ao chamar de vandalismo a ação que depredou três concessionárias durante um protesto no início da Copa do Mundo.

PROPOSTAS

Em meio aos desgastes, Padilha aproveitou para apresentar diretrizes de seu programa de governo, com ataques a campanha de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e alfinetadas discretas a Paulo Skaf (PMDB), com quem pretende evitar o embate direto para preservar o palanque peemedebista para Dilma no Estado e um eventual apoio no segundo turno.

O petista prometeu lançar um programa de concessões para o setor de transportes, especialmente para expandir as linhas do metrô, levando para áreas como Guarulhos, Taboão da Serra, ABC. "Queremos fazer aquilo que o governo federal aprendeu no período recente que é fazer uma forte parceria com o setor privado", disparou.

Numa tentativa de agradar o empresariado, ele afirmou que defende um convênio entre as forças de segurança para utilizar as imagens das câmeras de vigilância também para auxiliar no combate ao crime. Ele disse ainda que pretende instalar uma espécie de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) dentro dos presídios, para o Estado retomar o controle.

Ele se comprometeu com um projeto para revitalizar o centro da Cidade, incentivando o desenvolvimento de um programa habitacional para a região.

Padilha afirmou que vai implementar uma Controladoria no Estado para atuar contra a corrupção e atacou o PSDB, afirmando que os tucanos esconderam por 15 anos as denúncias de cartel de trans que fraudou licitações em São Paulo, entre 1998 e 2008,. em sucessivos governos tucanos. Ele afirmou que o caso só avançou pela atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Polícia Federal, além das investigações internacionais.


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