Folha de S. Paulo


'Dificuldades de gestão' atrapalharam seleção, diz Mercadante

Um dos aliados mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) defendeu nesta segunda-feira (14) mudanças na gestão do futebol brasileiro por meio de políticas públicas.

Em megabalanço sobre a Copa, Mercadante evitou usar o termo intervenção e não citou a CBF. Mas, ao citar o resultado da Alemanha na Copa, deu a entender que a gestão da CBF atrapalhou a seleção.

As declarações de Mercadante foram dadas quando a presidente Dilma já tinha deixado o local e o ministro Aldo Rebelo (Esporte) estava ausente.

"O resultado da seleção mostra que é necessário mudar. Aprender com a derrota não é ficar apontando o dedo. É buscar novas respostas para que nossa gestão do futebol esteja à altura do futebol que sempre tivemos", afirmou.

O ministro disse que o governo deverá promover políticas públicas para melhorar a gestão. "O futebol brasileiro precisa se repensar, se reformar. Isso se faz com políticas públicas e não com intervenção estatal. A Alemanha fez uma reforma na gestão que deu resultado. Clube alemão não pode ter dívida. Então mais transparência, mais eficiência, mais gestão para poder valorizar o futebol que nós temos e que infelizmente pelas dificuldades de gestão que tivemos não chegou na ponta na hora que precisávamos chegar", afirmou.

Mercadante ainda alfinetou a oposição ao defender a presidente Dilma. "Diferente de outros candidatos, a presidente teve um comportamento de solidariedade [com a derrota da seleção]", disse.

O ministro, contudo, tentou descolar o resultado da seleção das eleições, o que seria uma "análise simplista".

"Não há uma análise simplista em relação à seleção brasileira, o campo de futebol e a urna. Se é verdade que perdemos a taça, o povo brasileiro ganhou a Copa. A sociedade fez a Copa das Copas e o governo deu uma imensa contribuição", afirmou.

INTERVENÇÕES

A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado (12) que o futebol não pode e não deve ser estatizado e que o governo quer ajudar a modernizá-lo.

"O governo não quer comandar o futebol, pois ele não pode, nem deve ser estatal. Queremos ajudar a modernizá-lo. Contem conosco para isso", disse a petista em sua conta no Twitter.

A declaração da presidente aconteceu após o candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves (MG) insinuar que o governo tem a intenção de se apropriar do futebol brasileiro.

Na quarta-feira (9), Dilma defendeu uma renovação do futebol brasileiro e, na quinta-feira (10), seu ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sinalizou que o governo pretendia criar projetos de lei que ampliem a participação do Estado na gerência do esporte.

Na sexta-feira (11), o tucano atacou a ideia de uma intervenção no esporte e afirmou que o "país não precisa da criação de uma 'futebras'" e afirmou que a petista age com "oportunismo" ao defender uma reformulação.


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