Folha de S. Paulo


Presa em Porto Alegre, ativista Sininho é levada para o Rio

A ativista Eliza Quadros Pinto Sanzi, 28, a Sininho, chegou ao Rio na noite deste sábado (12), escoltada por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), agentes de elite da Polícia Civil.

Eliza foi presa na casa de seu namorado, em Porto Alegre, por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), sob suspeita de planejar atos de vandalismo em protestos realizados no Rio desde junho do ano passado.

Sem algemas, a ativista desembarcou às 19h30 no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, e não quis dar declarações nem respondeu se negociava fogos de artifícios que seriam utilizados em manifestações.

De acordo com os investigadores, em uma das ligações telefônicas interceptadas pela polícia, a ativista falava sobre a possibilidade do uso desses artefatos em protestos e seria uma das mentoras de ações violentas durante protestos.

Sininho é umas das 26 pessoas acusadas no inquérito policial. Até o momento, 17 pessoas foram presas e dois menores de idade apreendidos por suspeita de envolvimento em atos de vandalismo durante manifestações ocorridas no Rio, desde junho do ano passado.

Entre os foragidos estão o ex-namorado de Eliza, Luiz Carlos Junio, conhecido como "Game Over", e a cantora Luiza Dreyer, que participou do movimento Ocupa Cabral e já integrou programas televisivos de competição entre músicos, como o "The Voice Brasil", da TV Globo, e "Máquina da Fama", do SBT.

Em nota oficial, a OAB do Rio afirmou estar preocupada com a prisão dos ativistas, que aconteceram no Rio, em Porto Alegre e na cidade litorânea de Búzios (RJ). "Considerando-se que uma manifestação foi convocada para amanhã, dia 13, as prisões parecem ter caráter intimidatório", afirmou a entidade.

O advogado Wadih Damous, ex-presidente da OAB Rio e presidente licenciado da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, afirmou que as prisões feitas neste sábado são "uma aberração jurídica".

"As prisões são absolutamente ilegais já que a decisão que as decretou não aponta qualquer prova da prática de ilícito penal. Na verdade, é mais uma tentativa de impedir manifestações asseguradas pela
Constituição neste momento de Copa do Mundo. O Brasil vai ter que escolher qual legado prefere: se o da ditadura ou da democracia", escreveu Damous.

Em entrevista coletiva na tarde deste sábado (12), o chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Fernando Veloso, afirmou que a quadrilha pretendia praticar atos violentos hoje ou no domingo. "Provas colhidas ao longo das investigações e hoje [sábado] evidenciam que esse grupo estava se mobilizando para praticar atos de violência", disse Veloso.

Ele defendeu o direito à manifestação e afirmou que a polícia não vai interferir em possíveis protestos, como os que estão marcados para este domingo (13), na Tijuca, zona norte do Rio, mesmo bairro em que fica o estádio do Maracanã. Disse, no entanto, que a violência é inadmissível e que a polícia "não pode permitir o caos".


Endereço da página: