Folha de S. Paulo


Dilma dividirá comando das ações de sua campanha com Lula

Sai de campo o comando único que imperou na campanha de Dilma em 2010, sob a direção do então presidente Lula. Entra em cena um duplo comando em 2014, dividido entre criador e criatura, que tenta agora a reeleição.

A definição de um interlocutor do ex-presidente e da atual reflete o sentimento na cúpula de campanha, obrigada a se equilibrar entre visões nem sempre coincidentes de lulistas e dilmistas.

Na última eleição, Lula era o todo-poderoso. Dava as cartas e tinha um grupo de três assessores de peso –Antonio Palocci, José Eduardo Dutra e José Eduardo Cardozo.

Neófita na política, Dilma só seguia ordens de como se comportar nos embates políticos, sob o treinamento do marqueteiro João Santana.

Agora, ela, que já não se sente mais uma debutante, promoveu uma renovação quase integral na sua equipe e será mais ativa na definição das estratégias eleitorais, tomando as principais decisões ao lado de Lula.

Romildo de Jesus -27.jun.2014/Futura Press/Folhapress
Lula e Dilma na Convenção do PT da Bahia que lançou Rui Costa para governador
Lula e Dilma na Convenção do PT da Bahia que lançou Rui Costa para governador

Segundo um petista, por mais que estejam afinados, o temperamento dos dois é muito diferente e tende a gerar "ruídos" no convívio.

Em quatro anos, assessores avaliam que Dilma não deu poder a nenhuma figura que se apresentaria naturalmente como ''homem forte'' para comandar a campanha –como Palocci em 2010, seguindo orientações de Lula.

Dilma até tentou emplacar Lula como o coordenador da campanha, mas ele prefere ficar "solto" e fazer campanha nos Estados. Há quatro anos, a coordenação foi montada pelo PT e estava em total sintonia com a agenda de Lula.

Nome mais forte do grupo conhecido como "os três porquinhos", Palocci virou ministro da Casa Civil de Dilma, mas caiu depois de a Folha revelar suas atividades como consultor privado. Cardozo virou seu ministro da Justiça e ficará no posto. Dutra é diretor da Petrobras e está afastado da vida política.

Em 2014, o comando da campanha está mais diluído entre oito petistas, os chamados coordenadores, que costumam se reunir às segundas-feiras no Palácio da Alvorada para definir as estratégias.


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