Folha de S. Paulo


Após vexame, camisa da seleção custa menos da metade do preço em SP; veja

"Se o Brasil cai, o preço também cai", repetia o ambulante João Ricardo na manhã de quinta (10) na 25 de Março, famosa rua de comércio popular de São Paulo.

Foi isso o que aconteceu no primeiro dia de lojas abertas após a derrota histórica do Brasil para a Alemanha –quarta foi feriado no Estado.

Esperando uma queda drástica na venda de itens verde-amarelos, empresários da região fizeram promoções de até 70%. Outros optaram por guardar os produtos e até consideram pintá-los depois.

Na loja Tiger Bras, apitos e canetas que antes custavam R$ 3, agora saem por R$ 1. "Tudo está, pelo menos, pela metade do preço. Não espero movimento, as pessoas desanimaram. Podia perder, mas não de 7 a 1", diz a gerente do local, Maria Cassiano.

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Além de bandeiras e vuvuzelas, a camisa da seleção está entre os itens mais renegados pelo consumidor. Segundo o ambulante Luis Gonzaga, os clientes não querem a amarelinha "nem de graça".

"Tudo por um real", ri o vendedor. Antes da derrota, o modelo adulto (não original) custava de R$ 20 a R$ 25. Hoje, sai por R$ 10.

No começo da tarde desta quinta, Gonzaga tinha vendido só duas camisas, contra 70 por dia no começo da Copa. Com o brasileiro desinteressado, quem aproveita os preços baixos são os estrangeiros. Muitos estão em seus últimos dias no país e compram lembranças para levar.

Na Minas Presentes, também na via, latino-americanos se espremiam perto dos produtos em "queima total", todos com símbolos da Copa.

O médico colombiano Ovelio Fernandez carregava duas sacolas cheias de "regalitos", enquanto sua filha segurava mais bolsas e bandeiras com desenhos do Fuleco, o mascote do torneio. "Comprei coisas no Rio, mas aqui está mais barato. Os brasileiros estão ressentidos com seu time."

Isadora Brant/Folhapress
Encalhados, produtos da copa são vendidos em liquidações nas lojas da rua 25 de Março, em SP
Encalhados, produtos da copa são vendidos em liquidações nas lojas da rua 25 de Março, em SP

COMÉRCIO

O economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, diz que as promoções já iam acontecer, mas que a derrota intensificou a baixa de preços.

Para ele, a Copa nunca beneficiou muito o comércio. "Tivemos muitos dias com as portas fechadas. Demorou para as pessoas começarem a se empolgar."

A animação, no entanto, não durou muito. "O ano começa na segunda, e segue com ritmo de crescimento baixo nas vendas", conclui.


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