Folha de S. Paulo


Técnicos esperam aval para analisar pilar de viaduto que desabou em BH

Os engenheiros encarregados de encontrar as causas do desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, em Belo Horizonte, apenas esperam autorização policial para iniciar os trabalhos de sondagem a fim de saber o motivo de o pilar central ter afundado cerca de seis metros.

O desabamento do viaduto em obras, na última quinta-feira (3), matou duas pessoas e feriu outras 23 sem gravidade. As duas vítimas fatais foram os motoristas de um micro-ônibus e de um Fiat Uno, que foram esmagados pela estrutura de concreto. A obra era do PAC da Copa.

"O afundamento do pilar é um fato, está dando para ver", disse o vice-presidente do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais), Clémenceau Chiabi.

Segundo o engenheiro, a sondagem agora é que vai determinar por que o pilar afundou. "É necessário fazer a sondagem, que iria começar ontem [sexta-feira], mas não foi autorizado pelo delegado da polícia criminalística que é responsável pela área", afirmou.

Ainda não havia esse aval neste sábado (5). Os peritos da Polícia Civil continuam trabalhando no local, enquanto a Defesa Civil já cuidava dos acertos para iniciar a demolição da alça que desabou, para que a pista da avenida Pedro 1º seja liberada.

Essa avenida faz a ligação do acesso ao aeroporto de Confins com a região da Pampulha, onde está o Mineirão, local da partida Brasil e Alemanha, pela semifinal da Copa, na próxima terça-feira (8).

PROTESTO

Os trabalhos de demolição poderiam começar ainda neste sábado, já que os moradores do entorno, especialmente de um conjunto habitacional, já foram alertados sobre essa possibilidade. Por isso, cerca de 50 deles fizeram uma manifestação neste sábado.

Fechando uma das vias do desvio criado na região para escoamento do trânsito por quase uma hora, os moradores conseguiram que a Defesa Civil se reunisse com eles e se comprometesse a fazer vistorias mais rigorosas e também interromper a demolição diante de qualquer dano.

O secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, José Lauro Terror, disse que a demolição será feita com o corte da alça caída em blocos. Não haverá implosão. Esse trabalho, segundo ele, pode ser feito em 24 horas.

PRESERVAÇÃO

O engenheiro Chiabe, do Ibape, disse não ver problema na demolição, desde que sejam tomados todos os cuidados para que se preserve a área em que serão feitas as sondagens no terreno, na região onde o pilar afundou.

"Desde que seja escorado para preservar o local onde vai ser feita a análise, não tem problema nenhum", afirmou ele.

Esse estudo, que dura de um a três dias, vai verificar se a fundação foi executada conforme o projeto da obra. Também será analisado o solo, para saber se ele era apropriado, e se o projeto de fundação foi adequado à carga que o viaduto suportaria nele.

A outra alça do viaduto que continua de pé apresentou um deslocamento de cinco centímetros do apoio. Chiabi disse que essa alça está sendo monitorada e não está movimentando. "Isso é o mais importante. Ela teve um deslocamento pontual por causa do contato com a outra [que caiu]."

"O pouquinho que deslocou do apoio não é suficiente para derrubar, precisa ter ser 40 cm ou mais", disse Chiabi, que afirma, contudo, que esse monitoramento prossegue.

FAN FEST

Por causa das vítimas do desabamento da obra da Copa, a Prefeitura de Belo Horizonte decretou luto oficial de três dias e cancelou a Fan Fest da Fifa nesta sexta-feira (4). Foi apenas por um dia.

Neste sábado, a Fan Fest voltou a funcionar desde as 11h, com a exibição dos jogos e realização de shows, como o da cantora Paula Fernandes.

Editoria de Arte/Folhapress

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