Folha de S. Paulo


Vendedora sobrevive a 2ª tragédia com ônibus após queda de viaduto de BH

A vendedora Maria Nilza Loiola, 54, uma das vítimas feridas na queda do viaduto em obras na tarde desta quinta-feira (3) em Belo Horizonte, sobreviveu ao seu segundo acidente em um ônibus.

Maria Nilza estava dentro do micro-ônibus que teve a frente prensada por toneladas de concreto. Ela saiu de lá andando, com um corte na boca e uma pancada em um dos braços.

Há 15 anos, também em Belo Horizonte e no mês de julho —só que de 1999—, o ônibus lotado em que ela estava despencou dentro do ribeirão Arrudas, no centro da capital mineira.

O motorista teria avançado o semáforo já na luz vermelha, tentou desviar de um carro e de uma moto que cruzavam a avenida e, sem controle, o ônibus tombou e arrastou até cair dentro do rio, com as rodas para cima.
Naquele acidente, morreram nove pessoas e outras 63 ficaram feridas. Uma delas era justamente Maria Nilza.

Ao relembrar daquele acidente e falar sobre o atual, a vendedora não se abala.

"A gente não pode ter medo da vida. Você tem que viver. Ficar com medo de pegar esse ônibus e passar debaixo desse viaduto. Não", disse à TV Alterosa, de Minas Gerais.

Apegada à imagem de Nossa Senhora Aparecida, Maria Nilza completou: "Deus está com a mão estendida sobre nós, basta você pedir. Vá, viva. O que tiver que acontecer... O nosso final é esse mesmo, entendeu? A gente não pode ter medo".

Do acidente da última quinta-feira, a imagem que ficou na mente, segundo ela, foi uma "cortina de concreto" na frente do veículo e a motorista Hanna Cristina dos Santos, que morreu na tragédia, empurrando a filha Ana Clara dos Santos, 5, em um impulso para protegê-la.

"Começou, então, uma corrida para sair do ônibus", disse a sobrevivente, que nem precisou ser levada para os dois hospitais que receberam as vítimas feridas.


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