Folha de S. Paulo


Para engenheiro, queda de viaduto pode estar relacionada à fundação da obra

A queda do viaduto que desabou em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (3), pode estar relacionada à fundação da obra.

É o que diz o vice-presidente do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) de Minas Gerais, Clemenceau Chiabi.

Engenheiro civil formado pela UFMG e diretor técnico do Ibape nacional, Chiabi explica que as estruturas superiores do viaduto, as únicas visíveis até o momento, não indicam ter apresentado algum problema que levasse ao desabamento da obra.

"O que leva a inferir que o problema vem das fundações. Aí vem as origens possíveis, que seriam causas naturais, uma falha de projeto, uma falha de execução, ou uma falha dos materiais que foram utilizados na construção. Essa análise está sendo feita no momento."

Segundo Chiabi, existem dois tipos de sustentação para um viaduto: o de carga de fundo e o de atrito lateral. No primeiro caso, "a estaca se apoia em alguma rocha ou em terreno muito duro, e suporta pelo fundo. Se ela se apoiar em cima de uma rocha muito firme, basta o apoio dela na rocha, não precisa considerar o atrito".

Quando se usa o atrito lateral, caso do viaduto de Belo Horizonte, a estaca é "mais profunda e mais larga. Por atrito do próprio concreto com o terreno, calcula-se qual o comprimento dessa estaca é necessário para dar o atrito necessário que vai suportar aquele peso".

"O terreno determina o tipo de estaca", afirma Chiabi, que não teve acesso ao estudo de sondagem do terreno da região onde está localizado o viaduto que desabou, matando duas pessoas e deixando outras 22 feridas.

De acordo com o engenheiro do Ibape, a construção era sustentada por dez estacas, com diâmetro de 800 milímetros e 22 metros de profundidade cada uma.

Nesta sexta-feira (4), serão feitos novos estudos de sondagem do terreno, diz Chiabi. Eles irão indicar as características atuais do solo, para compará-las com as características presentes no estudo inicial de sondagem do terreno, feito antes do início da obra, há seis meses.

Editoria de Arte/Folhapress

ACIDENTE

O viaduto desabou por volta das 15h e atingiu quatro veículos que passavam pela avenida Pedro 1º. Além de Hanna, o motorista de um carro que passava pelo local, também morreu no acidente. Charlys Frederico Moreira do Nascimento, 25, estava sozinho no veículo.

A obra da prefeitura integrava uma das linhas do BRT (via rápida de ônibus) criadas para a Copa, e foi financiada pelo governo federal, por meio do PAC da Copa.

Não se sabe ainda as causas do desabamento de boa parte da estrutura do viaduto. O prefeito Marcio Lacerda (PSB) afirmou que "certamente" houve um erro. "Não sabemos se é falha de projeto ou de construção. Serão feitas todas as perícias, um inquérito policial será aberto e essa análise será feita com cuidado", disse na quinta.

Procurada pela reportagem, a construtora Cowan, responsável pela obra, afirmou que "lamenta profundamente". "Neste momento, a prioridade é o apoio às vitimas e aos familiares. A empresa informa que já enviou ao local a equipe técnica para iniciar as investigações", disse em nota.

A presidente Dilma Rousseff lamentou o ocorrido e disse, após o acidente, que "coloca à disposição da prefeitura e das autoridades de Belo Horizonte no que for necessário". "Neste momento de dor, presto minha solidariedade às famílias das vítimas", afirmou.


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