Folha de S. Paulo


Às vésperas da campanha, Dilma vira mestre de cerimônias em inaugurações

Com ares de programa de auditório e campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff incorporou a mestre de cerimônias durante a solenidade de entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida nesta quinta-feira (3), simultaneamente, em dez cidades do país.

Para estar presente em todas essas localidades, o Palácio do Planalto montou uma megaestrutura de transmissão ao vivo, com telões, por meio da qual Dilma discursou para todas as famílias contempladas.

Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR
Dilma durante cerimônia de entrega simultânea de 5.460 unidades do Minha Casa Minha Vida em onze cidades
Dilma na cerimônia de entrega simultânea de 5.460 unidades do Minha Casa Minha Vida em 11 cidades

O evento marca a entrega simultânea de 5.460 unidades habitacionais em dez cidades do país, numa corrida contra o tempo, já que, por causa do calendário eleitoral, a presidente só pode participar de inaugurações até esta sexta (04).

Dilma esteve na cerimônia da cidade-satélite do Paranoá (DF), onde foram entregues casas a 464 famílias. Nas demais cidades pelo menos um ministro foi escalado pela presidente para estar presente na solenidade. Houve transmissão direta nas cidades de Belford Roxo (RJ), Betim (MG), Curitiba (PR), Duque de Caxias (RJ), Governador Valadares (MG), Jequié (BA), Joinville (SC), Juazeiro do Norte (CE) e Santo André (SP).

À exceção de Betim, governada pelo PSDB, todos os municípios são redutos da base aliada do governo. No município mineiro, o prefeito Carlaile Pedrosa não participou do ato.

Sob gritos de "olê olê olá, Dilma" e "1, 2, 3, Dilma outra vez", a presidente anunciou a criação de uma terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida, mas não entrou em detalhes de como ele será formatado. Conforme a Folha antecipou nesta quinta-feira, ela deverá atender famílias com renda entre R$ 1.448 e R$ 2.172 (valores equivalentes a de dois a três salários mínimos).

"Olha, nós achamos que é nosso objetivo deixar claro que é possível contratar agora 3 milhões de moradias. Porque aquilo que está dando certo deve ter continuidade. As famílias de menor renda precisam continuar recebendo subsídio quase integral, tal como fizemos até agora", disse a presidente.

Até agora, o programa tinha três faixas de renda: uma com subsídio do governo quase integral para renda de até R$ 1.600, outra –também subsidiada– para renda até R$ 3.275, e uma terceira para famílias com faixas salariais entre R$ 3.275 e R$ 5.000.

Uma das bandeiras eleitorais da presidente Dilma, o Minha Casa, Minha Vida vai sofrer modificações por reivindicação do setor privado.

Para as construtoras, a mudança é benéfica porque inclui mais famílias nas faixas em que há parcela maior de financiamento e menor de subsídio. A vantagem disso é aproximar um maior número de "clientes" das regras do mercado imobiliário.

O presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, disse que o governo ainda faz ajustes para a terceira etapa do programa, tanto no subsídio que será concedido, seja na nova faixa de atendimento do programa.

Segundo ele, a entrega de mais 3 milhões de residências é "realista" e não "da boca para fora" –em referência à promessa do pré-candidato Eduardo Campos (PSB-PE) de entregar 4 milhões de casas caso seja eleito presidente. "Quem tem que mostrar se os 4 milhões são viáveis ou não é ele [Campos]", disse Hereda.

"Esse anúncio era importante porque às vezes parece que você só dizer que 3 milhões de moradias vão ser contratadas parece uma tarefa fácil. O problema é que quem governa antes de dizer a meta que pretende fazer tem a responsabilidade de fazer as contas, verificar o que é possível para o Tesouro Nacional, o que é possível para se conseguir tanto de recursos onerosos como de recursos subsidiados", continuou.


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