Folha de S. Paulo


Suspeito de depredar lojas não tem perfil de manifestante, diz polícia

A Polícia Civil afirmou na tarde desta quarta-feira (2) que o motorista João Antonio Alves da Roza, 46, preso sob suspeita de depredar concessionárias em um protesto em São Paulo, não tem o perfil comum aos manifestantes. A polícia destacou que ele é mais velho e não tem ligação com movimentos sociais.

Por conta disso, o diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Wagner Giudice, classificou a prisão de Roza como "inusitada". O motorista foi preso no bairro de São Mateus, zona leste de São Paulo, sob a suspeita dos crimes de dano e associação criminosa, cuja pena pode chegar a oito anos de reclusão.

Segundo os policiais, Roza tem duas passagens anteriores pela polícia: em 1997, por receptação, e em 2008, por porte ilegal de arma e por postar na internet imagens de sexo envolvendo uma menor. Nesta quarta, foram apreendidos na casa dele, um notebook e uma câmera fotográfica que, segundo a polícia, foram roubados em Mauá (Grande SP) no dia 20 de abril.

A identificação do motorista aconteceu por conta de imagens, que mostram ele usando um extintor para quebrar a vidraça de uma loja de carros de luxo na marginal Pinheiros no dia 19 de junho, durante protesto do Movimento Passe Livre –no total, três concessionárias do mesmo grupo foram atingidas, com prejuízo estimado em R$ 3 milhões.

A polícia apresentou dois vídeos como provas: o que mostra Roza quebrando a vidraça e outro em que ele discute com metroviários durante ato em 12 de junho, dia da abertura da Copa, na região do Carrão, na zona leste de São Paulo. Segundo os policiais, ele foi identificado por suas fotos no Facebook, no qual está com os bonés usados nas manifestações.

De acordo com a polícia, ele passou a ser investigado após a depredação das lojas de carros.

O PROTESTO

A manifestação do dia 19 de junho foi organizada pelo MPL (Movimento Passe Livre) para celebrar o aniversário da revogação do aumento das passagens de ônibus, ocorrido após as manifestações de junho de 2013.

O grupo também defendia o fim da tarifa no transporte público e a readmissão dos 42 metroviários demitidos em meio à greve da categoria.

O ato reuniu cerca de 1.300 pessoas e começou de forma pacífica na avenida Paulista, mas passou a registrar depredações quando seguia pela Rebouças, com ataques a agências bancárias. O vandalismo foi promovido por um pequeno grupo de mascarados, que foi repreendido por outros manifestantes.

Já na marginal Pinheiros, quando a maior parte dos manifestantes deixava a via para encerrar o ato no largo da Batata, os mascarados voltaram a promover depredações. Com a chegada da Polícia Militar, os manifestantes se dispersaram em pequenos grupos e algumas pessoas quebraram lixeiras, placas e vasos de plantas em ruas da região.

A Polícia Militar afirmou que observou o ato apenas à distância por conta de um acordo feito com o MPL. O movimento teria protocolado um documento pedindo o distanciamento da PM e se responsabilizando pelo andamento do protesto.

O MPL negou ter feito acordo com a polícia, disse que não pode ser responsabilizado pelas depredações, e que a ação da polícia foi uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais.


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