Folha de S. Paulo


Cobrada pelo governador, Dilma anuncia recursos para o Espírito Santo

Após ter sido cobrada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), a presidente Dilma Rousseff anunciou uma série de recursos do governo federal para o Estado, durante visita à cidade de Vila Velha (ES), na manhã desta quarta-feira (2).

Em sua segunda visita oficial ao Espírito Santo como presidente, Dilma participou de cerimônia para entrega de residências do Minha Casa Minha Vida. Nesta tarde, ela acompanha a formatura de alunos do programa de ensino profissionalizante Pronatec, em Vitória.

No pacote de bondades, está uma das obras mais esperadas no Estado. Dilma anunciou a publicação do novo edital de licitação para as obras de reforma e ampliação do aeroporto Eurico Salles, que estavam paradas desde 2008, quando o TCU exigiu que a licitação fosse refeita.

Segundo a presidente, todos os líderes políticos do Estado tentaram resolver as pendências com o TCU para que não fosse preciso refazer a licitação, mas não foi possível.

"Vamos parar com essa espera, com essa tentativa de todo dia argumentar lá no TCU, e nós publicamos hoje no 'Diário Oficial' o novo edital de licitação", disse a presidente. "Vai ficar claro que o preço vai ficar maior, mas é da vida", afirmou.

A presidente também anunciou que o edital para a duplicação da BR-262 será publicado no "Diário Oficial" da União desta quinta-feira (3). O objetivo do Planalto era fazer a concessão da rodovia, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, mas a concessão não se viabilizou por falta de empresas interessadas, e o governo decidiu fazer as obras com recursos públicos.

A duplicação da BR-262 havia sido citada pelo governador Renato Casagrande (PSB), que na véspera de receber a visita presidencial, criticou o que diz considerar falta de atenção do governo federal com o Espírito Santo.

Segundo ele, Dilma esteve "pouco presente", e o governo federal tem um "débito antigo" com o Estado, que vem de governos anteriores ao da petista.

Nesta quarta, o governador voltou a cobrar a presença da presidente no Estado. Em seu discurso, afirmou que há no Estado uma "necessidade de investimento na área social", o que exige a atuação dos governos municipal e estadual, "e também a presença do governo federal".

Casagrande aproveitou para ressaltar a participação do governo estadual na construção do conjunto habitacional inaugurado nesta quarta, e frisou que o Estado foi responsável pela construção da rede de esgoto do bairro.

Dilma também anunciou investimentos de R$ 119 milhões em mobilidade urbana e R$ 1,1 bilhão em obras de saneamento. Disse ainda que Estado tem uma carteira de investimento do governo federal de quase R$ 20 bilhões na área de petróleo e gás.

Esta é a segunda visita oficial da presidente ao Espírito Santo. Em dezembro, ela fez um sobrevoo por cidades capixabas afetadas pelas enchentes que provocaram 23 mortes.

VAIAS

Na última semana em que a presidente Dilma poderá participar de cerimônias de inauguração e entrega de obras antes das eleições, o ato desta quarta em Vila Velha teve forte tom eleitoral.

Ao abrir a cerimônia, o prefeito da cidade, Rodney Miranda (DEM), foi vaiado durante todo seu discurso, que durou cerca de três minutos. Militantes fizeram sinal de desaprovação com o dedo polegar, com gritos de "ih, fora".

Já a presidente foi aplaudida diversas vezes por uma claque, saudada com o jingle petista "olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma" e por gritos de "um, dois, três, Dilma outra vez".

Em Vitória, a presidente ouviu gritos de "Dilma, eu te amo", e agradeceu: "não é toda hora que a gente recebe declaração de amor".

VITRINE ELEITORAL

A quatro dias do início oficial da campanha eleitoral, Dilma aproveitou as cerimônias desta quarta no Espírito Santo para fazer promessas veladas de continuidade de dois programas do governo federal que serão vitrine de sua gestão durante a campanha pela reeleição.

A presidente afirmou que o governo federal planeja uma segunda etapa do programa de ensino profissionalizante Pronatec, com capacidade para matrícula de 12 milhões de aluno –na primeira etapa, o programa recebeu matrícula de 8 milhões.

"Nós temos de dar continuidade ao Pronatec. Por isso nós decidimos colocar bem claro que a continuidade do Pronatec não pode ser 8 milhões de matrículas. A continuidade do Pronatec tem que ser mais matrículas. Quanto nós estamos colocando? Doze milhões de matrículas", afirmou.

Sobre o Minha Casa Minha Vida, Dilma afirmou que o governo federal tem a "intenção" de construir mais 3 milhões de unidades residenciais em uma terceira etapa do programa.

Criado em 2010, o programa de habitação popular contratou a construção de 1 milhão de casas no governo Lula e 2,75 milhões na gestão Dilma.


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