Folha de S. Paulo


Com críticas a Dilma e Aécio, Campos e Marina oficializam candidatura

Com críticas aos adversários na eleição de outubro, Eduardo Campos e Marina Silva formalizaram neste sábado (28) em Brasília a candidatura da chapa do PSB à Presidência da República.

Em seu discurso, Campos criticou aqueles que "se revezam no poder há 20 anos" e que tentam convencer o povo de que "farão diferente" a partir de agora.

"Os mesmos caminhos levam sempre aos mesmo lugares", disse o pernambucano numa referência à presidente Dilma Rousseff (PT) e ao tucano Aécio Neves, que serão seus adversários nas urnas.

Campos prometeu realizar uma reforma tributária no primeiro ano de seu eventual governo, para reduzir a cobrança de impostos, e disse que tirará o Brasil do "atoleiro" em que Dilma o meteu.

"Vamos reverter essa equação perversa. Vamos colocar a inflação para baixo e o crescimento para cima", afirmou.

Ele também citou a Petrobras, alvo de recentes investigações por suspeita de desvios de verba da estatal, dizendo que vai "salvar" a empresa e o setor elétrico.

Campos disse ainda que, se eleito, vai manter programas como o ProUni e o Minha Casa, Minha Vida, criados durante a gestão petista.

"E vamos manter a estabilidade da moeda e aperfeiçoar a democracia, que são conquistas não de uma pessoa ou partido, mas de luta do povo, de onde viemos."

MARINA

A ex-senadora pelo Acre, Marina Silva, que discursou antes de Campos, também criticou os adversários na disputa à Presidência.

Vice-presidente na chapa do PSB, ela disse que não se constrói nada ao apelar "às forças mais furiosas da natureza" para "afastar ou varrer aqueles que pensam diferentes de nós".

A frase foi uma referência à declaração do adversário tucano, Aécio Neves, que afirmou há duas semanas, durante convenção do PSDB, que um tsunami varrerá o PT do poder. "Também não só constrói nada com base no medo, que não é uma energia boa para transformar", completou Marina.

Já em uma crítica à gestão petista, a candidata pregou a substituição de um modelo de desenvolvimento predatório para um "sustentável em todas as dimensões", que aliaria desenvolvimento econômico, igualdade e respeito pelo ambiente.

A candidata disse ainda que a chapa representa "a referência da mudança com qualidade", que, segundo ela, preserva as conquistas, corrige os erros, amplia e encara os desafios.

Quanto aos rumos da campanha, Marina disse que está no caminho certo: "Quando a cobra balança o rabo com muita força, é porque ela sabe que a pedra acertou no lugar certo: na cabeça".

Na última pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 3 e 5 de junho, Campos, que encabeça a chapa de Marina, teve 7% das intenções de voto, contra 34% de Dilma e 19% de Aécio.

HISTÓRIA DE BRASILEIRO

Um vídeo rápido com a história de Campos e Marina, inclusive do momento em que a ex-senadora se filiou ao PSB, em outubro, apostou na associação das palavras de ordem da convenção –coragem e compromisso– para definir os dois candidatos.

A proposta da campanha é lançar a ideia de que "Eduardo e Marina têm a cara do Brasil", como diz o jingle, e "têm história pessoal de valor, que convence o eleitor, que se vê como eles", como explica um dos estrategistas do PSB.

"Eduardo teve a coragem de enfrentar a velha política e Marina teve coragem de enfrentar as dificuldades da terra", afirmou o locutor que narrava as imagens no telão. Os dois, completa o texto, "tiveram o compromisso de reduzir o desmatamento na Amazônia".

Ex-ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Lula, Marina colocou como principal meta de sua gestão baixar os números de destruição na maior floresta tropical do mundo e o desmatamento foi reduzido em 57%.

Campos também foi ministro de Lula e comandou a pasta da Ciência e Tecnologia.

INOVAÇÃO DO GRITO

Militantes do PSB que participavam do evento fizeram uma versão bem humorada dos xingamentos que a presidente Dilma Rousseff ouviu na abertura da Copa do Mundo, em São Paulo.

Logo após Campos e Marina subirem ao palco ao som do jingle "coragem pra mudar o Brasil, eu vou com Eduardo e Marina", os gritos da plateia ecoavam "Ei, Dilma, sai pra entrar Dudu". Depois que foi plenamente entendida, a rima provocou risos dos dois candidatos.

A convenção do PSB neste sábado (28) oficializou a chapa de Eduardo Campos e Marina Silva, por aclamação, para a disputa pelo Palácio do Planalto. A coligação é formada ainda pelos partidos PPS, PPL, PRP e PHS. Representantes de cada uma das siglas fez breve discurso e se apropriaram da ideia de "mudança", substantivo desta eleição nacional.


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