Folha de S. Paulo


PMDB se divide entre governo e oposição no país

Maior partido da base aliada do governo Dilma, o PMDB iniciará a campanha eleitoral dividido entre alianças estaduais com o PT e os principais adversários da presidente: o PSDB, de Aécio Neves, e o PSB, Eduardo Campos.

Os peemedebistas estarão com os rivais de Dilma em 11 Estados, a mesma quantidade de alianças que terão com o PT nas disputas regionais.

O cenário atual mostra uma mudança em relação às eleições de 2006 e 2010, quando os peemedebistas se aliaram aos tucanos em apenas sete Estados do país.

As dissidências atuais têm potencial de impacto porque incluem cinco dos dez maiores colégios eleitorais do país: Rio, Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará.

As mais recentes deserções ocorreram no Ceará e no Espírito Santo, onde o PMDB local se aliou ao PSDB.

O candidato peemedebista ao governo capixaba, Paulo Hartung, recebeu o apoio do PSDB, que indicará o vice. Em troca, o futuro candidato se comprometeu a oferecer um palanque só para Aécio.

Essa aliança somente foi possível após o PSB, do também presidenciável Eduardo Campos, decidir lançar candidato próprio em Minas.

Havia a expectativa de que, se o partido apoiasse o candidato do PSDB no Estado, os tucanos poderiam retribuir com apoio ao governador capixaba, Renato Casagrande (PSB), que tentará reeleição.

No Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB) cedeu vaga em sua chapa para o PSDB, em troca de apoio a Aécio. O nome esperado era o do senador Tasso Jereissati (PSDB), que até a noite de ontem (27) não havia sido confirmado.

O acordo foi costurado por Eunício após ele ser preterido pelo PT, que se comprometeu em apoiar o candidato a ser indicado pelo governador Cid Gomes (Pros).

O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha, afirma que quem "traiu" a aliança foi o PT, que resistiu em apoiar candidaturas peemedebistas nos Estados.

"O PT já tem a hegemonia no país. Agora ele quer não só no país, como em alguns Estados", afirmou Cunha.

Dos 11 Estados onde PT e PMDB estarão juntos, o PMDB tem a cabeça de chapa em oito, e o PT em três.

Para o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que aderiu à campanha da oposição na Bahia, a dissidência reflete a insatisfação da base.

"Acho até pouco [os 11 palanques de oposição] pelo padrão da insatisfação e pelo tratamento que o PT sempre deu ao PMDB. Insatisfação ao governo, à Dilma, à inabilidade dela para tratar aliados. O PT é um verdadeiro mandacaru: não dá sombra nem encosto", afirmou.

Além de Ceará e Espírito Santo, o PMDB estará com tucanos nos palanques estaduais de Rio, Bahia e Acre.

Já as principais aproximações do PMDB com o PSB estão em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, onde os candidatos peemedebistas ao governo afirmam que farão campanha para Campos.

Em outros quatro Estados, o PMDB estará aliado tanto ao PSDB como ao PSB, o que deixará os palanques divididos entre Campos e Aécio.

É o caso de Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Roraima. Desses, apenas no RN o candidato do PMDB deverá pedir votos para Dilma.

Em Pernambuco e Roraima, o PMDB aderiu à candidatura do PSB e fará campanha para Campos.

No Piauí, o governador José Filho (PMDB), que tentará reeleição, rompeu com Dilma e fará campanha para os dois adversários da petista.


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