Folha de S. Paulo


Apesar de decisão nacional, deputados do PTB devem apoiar Dilma

Pegos de surpresa com o anúncio de que o PTB irá apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, deputados da legenda se reuniram nesta quarta-feira (25) para discutir a posição da bancada no xadrez eleitoral. Segundo o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), há uma forte tendência de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.

No último sábado (21), o presidente nacional do partido, Benito Gama, afirmou em nota oficial que, devido a conflitos "insustentáveis" entre PTB e PT, a sigla decidiu apoiar a candidatura de Aécio Neves. A decisão pegou o governo de surpresa porque o apoio dos petebistas já era dado como certo. Em maio, Dilma foi à sede do partido, em Brasília, para celebrar a união em um almoço. A posição será ratificada na convenção nacional do partido marcada para sexta-feira (27).

Segundo Arantes, a mudança de postura da cúpula partidária não foi conversada com a bancada. Desde a eclosão do escândalo do mensalão, que teve como delator o ex-deputado Roberto Jefferson, que era do PTB na época, a bancada se afastou da direção do partido.

"Isso não foi discutido. O Benito tem autonomia porque é presidente do partido. Agora, a boa política prega que na democracia se convença ou seja convencido", disse.

Diante da notícia, a bancada marcou uma reunião na tarde desta quarta-feira. Os deputados definiram aguardar o fim das convenções estaduais para oficializar um apoio à Dilma, o que deve ser feito na próxima quarta-feira (3). Segundo Arantes, 17 dos 21 deputados do PTB, compareceram e apenas o deputado Eros Biondini (MG) declarou apoio à Aécio.

Na prática, o movimento dos deputados apenas marca posição já que o tempo de propaganda na televisão do partido, de 1m15s, será transferido para Aécio. No entanto, Arantes avalia que a bancada pode agregar votos para Dilma. "Bancada dá voto e partido dá tempo de televisão, que pode ser convertido em voto ou não. Mas 20 deputados apoiando a Dilma, é claro que isso resulta em, no mínimo, 70%, 80% dos votos pessoais do deputados. Em uma eleição apertada pode ser que seja a diferença", afirmou.

Apesar de os 21 deputados terem direito a voto na convenção, Arantes não acredita que a decisão de apoio ao PSDB possa ser revertida.

O líder do PTB se reuniu na manhã desta quarta com o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) para conversar sobre a posição da bancada. "Até por educação, eu não podia deixar de levar a posição que a bancada está tendo. A minha relação com o governo enquanto líder da bancada é uma relação permanente. Então é uma relação de confiança. Eu tenho que ir lá dizer o que está acontecendo com a bancada e não com o partido", disse.

Para Arantes, a posição da bancada demonstra que os deputados não estão preocupados com cargos porque em um eventual governo tucano, eles perderiam espaço. Mesmo assim, ele afirma não ter pedido a Berzoini que o governo petista desse mais atenção para a nomeação de integrantes da legenda para postos no Executivo em um eventual segundo mandato.


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