Folha de S. Paulo


Ato anti-Copa tem princípio de tumulto após detenção na av. Paulista

O ato anti-Copa que aconteceu na avenida Paulista, na região central de São Paulo, teve um princípio de tumulto no início da noite desta segunda-feira (23). A confusão aconteceu após a detenção de dois manifestantes quando o grupo já encerrava o protesto, próximo da praça do Ciclista.

Um dos rapazes detidos é o professor Rafael Marques Lusvarghi, 29, que participou do último ato anti-Copa, no dia 12, na Radial Leste, quando foi atingido por dois tiros de bala de borracha. Um outro homem, identificado como Fabio Hideki Harano, também foi preso e encaminhado ao Deic (delegacia que investiga o crime organizado).

Outros manifestantes se revoltaram com as detenções nesta segunda e protestaram em torno dos policiais, que fizeram um cordão de isolamento na tentativa de distanciar o grupo. Testemunhas disseram que durante a confusão um policial civil à paisana chegou a apontar uma arma contra o grupo e fez dois disparos para o alto.

O coronel José Eduardo Bexiga, da PM, afirmou que as prisões foram feitas por policiais civis, e não soube informar as causas.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a "Polícia Civil vai apurar as circunstâncias do episódio para checar se o homem é um policial e se, de fato, houve disparos".

Após o tumulto, os manifestantes dispersaram. Policiais militares e civis, porém, ainda faziam buscas pela região, assim como na plataforma da estação Consolação do metrô.

O protesto começou por volta das 15h e reuniu em torno de 200 pessoas, segundo estimativa da PM. O grupo se concentrou na praça do Ciclista, saiu em passeata até a praça Oswaldo Cruz e depois retornou para o ponto inicial do ato. Policiais militares acompanharam a passeata e chegaram a fechar o acesso de algumas ruas para evitar a mudança de direção do ato.

O ato foi organizado pelo "Se Não Tiver Direitos Não Vai Ter Copa" e durou até as 19h10, quando a Paulista foi liberada.

No início, do ato, um observador legal foi detido, mas liberado em seguida, segundo advogado do grupo. A PM afirmou que a detenção aconteceu por porte de drogas. Os Observadores Legais são um grupo ligado a entidades de direitos humanos e fiscalizam possíveis situações de conflito.

Durante a passeata, os manifestantes fizeram gritos de ordem como: "Chega de alegria, a PM mata pobre todo dia" e "Uh, patriota, hu, idiota". Na frente do edifício Pauliceia, o grupo se direcionou ao prédio com gritos como "ei, burguês, a culpa é de vocês!".

Na última quinta-feira (19) um protesto em Pinheiros, na zona oeste da cidade, acabou com a depredação de ao menos duas concessionárias e cinco agências bancárias. Na ocasião, a Polícia Militar foi acusada de demorar a agir para impedir a violência. Por isso, ela prometeu ser mais rigorosa na manifestação desta segunda.

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imagens: Ricardo Bunduky

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