Folha de S. Paulo


Polícia convoca manifestantes para esvaziar protesto anti-Copa

A Polícia Civil de São Paulo convidou 22 militantes do MPL (Movimento Passe Livre) e dois "black blocs" para prestarem depoimento na tarde desta segunda-feira (23), no mesmo horário em que está marcado um protesto contra a Copa na capital paulista.

Os depoimentos serão tomados na sede do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), na zona norte, com o objetivo oficial de enriquecer o inquérito que investiga depredações feitas em manifestações desde o ano passado.

Mas, na realidade, a ação visa evitar a participação dos ativistas no ato "Se não tiver direitos não vai ter Copa", marcado para às 15h na avenida Paulista. Ação semelhante já foi adotada em outros protestos.

A Secretaria da Segurança Pública não esclareceu se o convite tem força de intimação, ou seja, se a presença dos manifestantes é obrigatória.

Dos convidados pela polícia, apenas os dois "black blocs" são investigados por depredação. Um deles é suspeito de depredar a estação Carrão do metrô na abertura da Copa, em 12 de junho. O outro, de participar da depredação a uma concessionária de carros de luxo na quinta-feira (19).

"Se ficar comprovada a participação nas depredações, os suspeitos poderão ser responsabilizados pelo crime de dano ao patrimônio e constituição de milícia privada, do artigo 288 do Código Penal, que prevê prisão de quatro a oito anos sem direito a fiança", afirma a secretaria, em nota.

O protesto de quinta foi convocado pelo MPL, que enviou carta à secretaria pedindo que a polícia não tivesse presença ostensiva durante o ato. A PM diz que tinha acordo para ficar à distância, que foi descumprido, por isso responsabiliza o movimento pelo quebra-quebra.

Foram atingidas cinco agências bancárias, 13 carros das marcas Mercedes-Benz, Smart e Range Rover, além de lixeiras e telefones públicos.

O MPL nega ter feito acordo com a polícia, diz que não pode ser responsabilizado pelas depredações, e que a ação da polícia é uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais.


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