Folha de S. Paulo


PMDB escolhe Roberto Requião como candidato ao governo do Paraná

Depois de uma acirrada disputa interna, o PMDB decidiu abandonar o governo Beto Richa (PSDB) no Paraná nesta sexta-feira (20) e lançar candidato próprio para disputar o comando do Estado: o senador Roberto Requião.

A decisão desequilibra a disputa ao Palácio Iguaçu, que até então tinha como principais nomes o governador Beto Richa (PSDB) e a senadora Gleisi Hoffmann (PT).

Conhecido por sua verve e eloquência, Requião deve aumentar a temperatura da eleição paranaense. Está em segundo lugar em pesquisas internas, empatado com Gleisi e atrás de Richa.

Estelita Hass Carazzai
Convenção do PMDB no Paraná é marcada por brigas e provocações
Convenção do PMDB no Paraná é marcada por brigas e provocações

Com eleitorado cativo, já que foi governador por três vezes (1991-94, 2003-06 e 2007-10), Requião pode tirar o favoritismo de Richa, forçando um segundo turno, e ou até mesmo roubar a posição de Gleisi na disputa.

Perguntado se seria a principal ameaça à reeleição de Richa, o senador disse após a convenção que a grande ameaça ao tucano "é a preguiça e a inoperância dele". "É o pior governo da história do Paraná", declarou.

Requião foi ovacionado por simpatizantes quando anunciado o resultado da convenção.

O PMDB segue para a eleição, porém, ainda dividido. Requião fez 55% dos votos dos delegados. A chapa favorável à coligação teve 43%. A diferença foi de 69 votos, num universo de 574.

A parte dos militantes que defendia uma aliança com Richa incluía a maioria dos deputados estaduais peemedebistas. O partido integra o governo tucano desde 2011 e comanda duas secretarias no Estado.

"Ele venceu uma disputa, mas o PMDB está rachado. Teremos muita dissidência nessa eleição", declarou o ex-governador Orlando Pessuti, que foi vice de Requião e hoje sequer fala com ele.

CLIMA TENSO

A convenção foi marcada por troca de ofensas e até agressões entre os militantes.

Quem chegava à sala de votação tinha que passar por uma espécie de "corredor polonês". Cerca de 20 seguranças protegiam a porta. "Fora, mercenários" e gritos de "Requião governador" recebiam os delegados que iriam votar.

Na briga por espaço, os militantes chegaram a trocar tapas e socos. Num desentendimento por causa das bandeiras pela manhã, um dos cabos pró-Requião quebrou o mastro ao meio, no joelho, e avançou para cima do grupo adversário.

Em meio à militância, um homem fantasiado de tucano, nas cores do PSDB (azul e amarelo), passeava com um saco de dinheiro falso. Era ovacionado pelos adeptos da candidatura própria.

"Agora temos que tentar reunir o partido", disse o presidente estadual do PMDB, Osmar Serraglio, defensor da coligação com os tucanos. Lideranças da candidatura própria diziam que iniciariam as conversas para "fechar as feridas" ainda nesta sexta.

O PMDB ainda irá conversar com pelo menos outros quatro partidos para tentar formar uma aliança.


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