Folha de S. Paulo


Socos e 'tucano infiltrado' marcam convenção do PMDB no Paraná

Com o potencial de decidir o rumo da eleição no Paraná, o PMDB realiza nesta sexta-feira (20) sua convenção estadual em meio à tensão e troca de ofensas.

Dividido em dois grupos majoritários, o partido define se vai lançar a candidatura do senador Roberto Requião ou apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB) ao Palácio Iguaçu. Desde cedo, militantes pró-candidatura e pró-aliança empunham bandeiras e trocam ofensas.

"Fora tucanada, o meu partido não se vende pra bancada", gritam os defensores de Requião, em referência aos deputados estaduais, que são aliados a Richa. Os favoráveis à coligação não respondiam. "Não é a hora", disse um deles.

Em meio à militância, um homem fantasiado de tucano, nas cores do PSDB (azul e amarelo), passeia com um saco de dinheiro falso. É ovacionado pelos adeptos de Requião.

Quem chega à sala de votação tem que passar por uma espécie de "corredor polonês". "Fora, mercenários" e gritos de "Requião governador" recebem os delegados que vão votar, que também são cobertos por bandeiras dos dois grupos.

Estelita Hass Carazzai
Convenção do PMDB no Paraná é marcada por brigas e provocações
Convenção do PMDB no Paraná é marcada por brigas e provocações

Na briga por espaço em frente à sala, os militantes chegaram a trocar tapas e socos. Num desentendimento por causa das bandeiras pela manhã, um dos cabos pró-Requião quebrou o mastro ao meio, no joelho, e avançou para cima do grupo adversário. Ninguém ficou ferido. "Nessa hora, bandeira vira arma", dizia um militante pró-coligação.

A sala de votação é vigiada por cerca de 20 seguranças. Quem defende a candidatura própria acusou a direção estadual de "intimidação". "Imagine se não tivesse segurança aqui. Estamos querendo garantir a tranquilidade", rebateu o presidente estadual do PMDB, o deputado Osmar Serraglio.

Algumas estratégias se assemelharam à guerrilha: um carro de som gigantesco, levado por um deputado que apoia Requião, teve as fechaduras arrombadas e inutilizadas. Até o chaveiro chegar, por volta das 10h, o veículo não pôde tocar o jingle do ex-governador.

Até então, quem animava o evento era uma banda contratada pelo grupo pró-coligação, que tocava marchinhas futebolísticas, como "Pra frente, Brasil" e a música tema da Copa na Rede Globo.

"Quem bate nunca se lembra, quem apanha nunca se esquece", disse o vaiado ex-governador Orlando Pessuti, antigo aliado de Requião e que agora defende a aliança com o PSDB. "O partido tem que ser renovado. Defendemos um PMDB para todos, uma mudança no partido", afirmou o deputado estadual Luiz Claudio Romanelli.

"A nossa tese da candidatura própria é mais apaixonante. A outra é puramente eleitoral, um acordo político", declarou o empresário Rodrigo Rocha Loures, membro da Executiva Nacional do PMDB. O resultado da convenção deve sair até as 17h.


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