Folha de S. Paulo


Protesto do MPL termina com carros de luxo e bancos depredados em SP

O protesto organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) nesta quinta-feira (19) terminou com depredações de concessionárias, agências bancárias e de um carro da TV Gazeta durante uma passeata pela região central e pela zona oeste de São Paulo. Policiais militares usaram bombas de gás no final do ato. Não há, porém, informações feridos ou detidos.

O ato começou por volta das 15h, na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e reuniu cerca de 1.300 pessoas, segundo estimativa da PM. Entre os manifestantes estavam cerca de 50 mascarados e índios com rostos pintados e munidos de arcos e flechas, que pediam a demarcação de terras.

Os manifestantes seguiram em passeata pela avenida Rebouças, onde um grupo de mascarados depredou ao menos quatro agências bancárias, além de lixeiras e placas de trânsito. Também foi deixado um rastro de pichações por muros e paredes. Não houve interferência da PM no local.

Os manifestantes seguiram até a marginal Pinheiros, onde houve um ato simbólico com a queima de catracas de ônibus feitas de papelão. O grupo deixou a via por volta das 19h em direção ao largo da Batata, onde o MPL encerraria o protesto, quando mascarados voltaram a promover depredação.

Foram destruídas duas concessionárias e ao menos mais uma agência bancária na região. As duas concessionárias são do grupo Caltabiano, sendo uma Mercedes-Benz e outra Jaguar/ Land Rover. Na primeira foram danificados dez carros e na outra um. Também foram quebrados no local computadores e vidros da loja.

Segundo Denis Cicuto, diretor do Grupo Caltabiano, as lojas foram abertas há nove dias. "Nos deixa numa situação complicada, porque estamos tentando atrair investidores para o grupo. O problema não é só o prejuízo, é que vai demorar para reabrir. Isso aqui não é terra de ninguém", disse, enquanto olhava a destruição.

Nas duas lojas, os carros depredados estão avaliados em mais de R$ 2 milhões, ao todo. Eles tiveram vidros, retrovisores e latarias danificadas.

Após a ação dos mascarados, a Tropa de Choque usou bombas de gás contra manifestantes, que dispersaram em pequenos grupos. O MPL diz que não conseguiu encerrar o ato por conta da ação da polícia.

"Nós não escolhemos quem participa dos nossos atos. Apenas falo que não foi o MPL que começou [a destruição] e não conseguimos sequer terminar o nosso ato, pois quando chegamos próximos ao largo da Batata fomos atingidos por bombas da polícia", disse Lucas Monteiro, 29, membro do MPL.

Os "black blocs" usaram lixo para interditar ruas da região de Pinheiros (zona oeste). Houve ainda lixeiras incendiadas, orelhões depredados e vasos de plantas jogados na rua. Por volta das 20h30, não havia mais focos de protesto ou ruas bloqueadas, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Com as ruas bloqueadas pela polícia, os ônibus não conseguiram chegar até o terminal Pinheiros entre as 17h30 e as 19h50. Segundo a SPTrans, foram fechadas a rua Sumidouro e a rua Paes Leme, e os coletivos tiveram que sair a partir delas nesse período.

O ato organizado pelo MPL celebrava o aniversário da revogação do aumento da passagem, ocorrido após as manifestações de junho de 2013. Os manifestantes também defendem o fim da tarifa no transporte público e a readmissão dos 42 metroviários demitidos em meio à greve da categoria.


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