Folha de S. Paulo


Voos previstos para a Copa estão mais vazios do que o esperado

A taxa de ocupação dos voos previstos para a Copa está em cerca de metade da média registrada pela aviação doméstica no mesmo período de anos anteriores.

Levantamento feito pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostra que a taxa média de aproveitamento de assentos em voos nas cidades-sede é de 37,5%.

A medição foi feita no dia 1º e leva em consideração os 45 dias seguintes. Até essa data, foram vendidos 4,3 milhões dos 11,5 milhões de assentos ofertados em 45 dias para a Copa, afirma a Anac.

A ocupação tende a aumentar, mas a Folha apurou que o volume de vendas das companhias nas últimas três semanas em todo o país caiu mais de 30%.

A estimativa do setor é de uma queda de ao menos 15% no movimento em relação ao ano passado em todo o país.

Má notícia para as empresas aéreas e para a economia, o baixo movimento pode ser bom para o governo. Menos gente voando alivia a pressão sobre a infraestrutura precária da maioria dos aeroportos.

O cancelamento de voos devido a problemas como o mau tempo, por exemplo, pode ser resolvido mais rapidamente com a transferência de passageiros para voos vazios.

A baixa ocupação em todo o país (e não apenas nas cidades-sede) explica por que as empresas têm feito tantas promoções nesta época do ano, o que não costuma acontecer.

Os dados da Anac medem viagens com origem e destino nos 16 aeroportos que servem as 12 cidades-sede.

A queda nas viagens a negócio, responsáveis por 60% a 70% dos bilhetes vendidos, está entre as principais explicações, diz Lucas Arruda, sócio da Lunica Consultoria.

"Há muito que as companhias vinham dizendo que isso ia acontecer e aconteceu", afirma. "O aumento do fluxo de passageiros vinculados ao evento não foi suficiente para substituir a queda nas viagens a negócio."

Nas Copas da África do Sul e da Alemanha, os meses de junho e julho foram de crescimento na comparação com o ano anterior ao do Mundial.

VARIAÇÕES

As taxas de ocupação nesta Copa variam muito conforme o destino e a data. Os voos para Natal no domingo (15) já estavam praticamente lotados no início do mês (87,3%), por exemplo. A cidade sediou nesta segunda (16) o jogo EUA x Gana.

O mesmo ocorre em Viracopos na quarta (18) –86,6%. No dia seguinte, há Inglaterra x Uruguai em São Paulo. Em contrapartida, logo após o término do Mundial, a demanda para voos no Santos Dumont (RJ) é de 15%.

PREJUÍZO

A Copa poderá atrasar a recuperação das companhias, que nos últimos três anos tiveram mais de R$ 7 bilhões de prejuízo. "O passageiro corporativo sumiu", diz Eduardo Sanovicz, da Abear (associação de empresas aéreas).

Só a TAM estima perder US$ 100 milhões de receita com os brasileiros que deixarão de viajar na Copa, segundo a Folha apurou. O evento também representa custos para as companhias, que tiveram que aumentar seu efetivo em cerca de 15% a 20%.

Editoria de Arte/Folhapress

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