Folha de S. Paulo


'A gente não esperava', afirmou repórter da CNN ferida em protesto

A repórter da CNN Shasta Darlington, 44, afirmou na tarde desta quinta-feira (12) que estava preparada para possíveis protestos contra a Copa do Mundo no Brasil. Mesmo assim, ela foi surpreendida por uma bomba lançada por policiais contra "black blocs" durante um ato na zona leste de São Paulo, e acabou ferida por um estilhaço.

"Eu estava com capacete e máscara, mas tirei para fazer o ao vivo. Foi uma das primeiras bombas, por isso mesmo a gente não esperava", afirmou Darlington, que estava com a produtora da emissora Barbara Arvanitidis. As duas foram feridas por estilhaços e encaminhadas ao Hospital da Vila Alpina. Elas deixaram o local ainda durante a tarde, após atendimento.

Darlington é corresponde da CNN no Brasil há três anos e afirmou que não vê muita diferença entre as manifestações ocorridas recentemente no país e protestos que ela já presenciou na Itália. Ela avaliou que a atuação da Polícia Militar paulista tem sido diferente em cada protesto.

"Acho que eles [policiais] têm reagido de forma diferente em protestos diferentes. Em algumas manifestações são bem mais organizados. Parece que aqui eles realmente não vão deixar ninguém ficar perto da Radial Leste. Dá a impressão que estão preparados para fazer o que têm que fazer", afirmou.

As duas jornalistas da CNN não são as únicas profissionais da imprensa que ficaram feridas durante o protesto desta quinta. O fotógrafo Rodrigo Abd, 37, da Associated Press, também foi ferido por estilhaços de bomba na coxa e na canela. Ainda no local, ele reclamou que não teve ajuda após ter sido ferido, mesmo tendo pedido a moradores da região.

Um jornalista do SBT também ficou ferido por estilhaços. Ele foi atingido de raspão na região do olho.

Ao todo, as secretarias Municipal e Estadual de Saúde informaram terem atendido 11 pessoas feridas nos confrontos. Todas tiveram ferimentos leves e já tinham sido liberadas no final da tarde. A reportagem presenciou ainda alguns casos de pessoas feridas que não procuraram atendimento médico.

CONFRONTO

O protesto começou por volta das 10h na frente da estação Carrão do metrô. Ainda durante a concentração, policiais militares pediram que os manifestantes liberassem a rua Apucarana, na esquina com a Radial Leste, para a passagem dos carros. O grupo, embora pequeno, se recusou a deixar o local.

Policiais do Batalhão do Choque avançaram sobre os manifestantes usando bombas de gás e balas de borracha. Um grupo de "black bloc" então desistiu do ato em frente ao metrô Carrão e seguiu pelas ruas do bairro até a sede do Sindicato dos Metroviários, onde ocorria um ato contra a demissão de funcionários do metrô em razão da greve da última semana.

A exemplo do metrô Carrão, a PM tentou dispersar a manifestação com bombas de gás e efeito moral, além de balas de borracha.

Os "black blocs" continuaram a caminhar por ruas da região até fechar a Radial Leste, por volta das 13h50, na altura da avenida Salim Farah Maluf por cerca de 20 minutos. Já no meio da tarde, manifestantes voltaram a concentrar na plataforma do metrô Tatuapé, onde houve novo confronto após a PM tentar liberar o local.

Apenas por volta das 17h, o clima ficou mais calmo no local, com a liberação da Radial Leste e com a normalização das estações do metrô, que chegaram a ter o acesso restrito. Segundo a polícia, duas pessoas foram detidas e levadas ao 52º DP (Parque São Jorge).


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