Folha de S. Paulo


Operação Lava Jato é assunto que estarrece a todos nós, diz Graça Foster

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou nesta quarta-feira (11) que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga lavagem de dinheiro na estatal "é assunto que estarrece a todos e que só [a existência] das suspeitas nos deixam envergonhados".

A Lava Jato investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado de forma suspeita através de doleiros R$ 10 bilhões, com ramificações em partidos como PT, PMDB e PP.

A Polícia Federal afirma que o esquema pode ter desviado R$ 400 milhões.

Primeiro depoimento da CPI mista da Petrobras, a sessão já dura mais de cinco horas. É a quarta vez que Graça dá esclarecimentos ao Congresso Nacional sobre denúncias sobre denúncias de irregularidades na estatal.

Editoria de Arte/Folhapress

DOCUMENTO

Durante o depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, na CPI mista da estatal, o deputado da oposição Onyx Lorenzoni (DEM-RS) apresentou documento de janeiro de 2006 que citava as cláusulas "Marlim" e "Put Option" em informativo à diretoria internacional da empresa em meio ao processo de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O documento é assinado por Carlos Cesar Barromeu de Andrade, então gerente jurídico internacional.

Responsável pelo prejuízo de U$ 530 milhões na compra da refinaria, a "Put Option" determinava –em caso de discordância entre a Petrobras e a sócia belga Astra Oil– à estatal a compra das ações da sócia. A "Marlim" dava à outra sócia uma garantia de rentabilidade mínima de 6,9% ao ano.

Em 2006, o Conselho de Administração da Petrobras, presidido à época por Dilma Rousseff, autorizou a compra dos primeiros 50% da refinaria de Pasadena.

Somente em março deste ano a presidente Dilma criticou o resumo feito em 2006 por Nestor Cerveró, então diretor internacional. Dilma afirmou que o relatório era "incompleto" por omitir, na transação para compra da refinaria, justamente a existência das cláusulas "Put Option" e "Marlim".

Após um processo na Câmara Internacional de Arbitragem, a Petrobras teve que comprar em 2008 –obrigada por essas cláusulas– a metade restante de Pasadena. Diante do novo montante gasto, a compra de Pasadena tornou-se um mau negócio para o Brasil.

Em resposta a Lorenzoni, Graça afirmou que o documento continha anexos e que "esses anexos não estavam fisicamente materialmente na documentação que foi levada a diretoria executiva da Petrobras".

A diretoria executiva é instância inferior ao conselho de administração que à época era presidido por Dilma. "O indicativo que temos nos rastreamentos é que nem todos os anexos acompanharam a documentação. A comissão interna de investigação da Petrobras tem toda essa materialidade", disse.

VERSÃO DIFERENTE

Mais cedo a presidente da Petrobras havia dado uma versão diferente que a apresentada, no início do mês, por um ex-gerente da estatal sobre a omissão de cláusulas para que a diretoria comprasse a metade de Pasadena.

Graça disse nesta quarta (11) que não foram apresentadas à Diretoria Executiva –a instância anterior ao conselho de administração– as cláusulas que respaldaram a operação em 2006.

"Se as cláusulas tivessem sido apresentadas à diretoria, elas teriam sido levadas e seriam bastante discutidas no Conselho de Administração", afirmou a presidente da Petrobras.

Em depoimento à CPI do Senado o ex-gerente-executivo da Área Internacional Luis Carlos Moreira da Silva afirmou que foi ele quem defendeu a operação na reunião da Diretoria Executiva da estatal. Na ocasião, Moreira ressaltou que as cláusulas eram de conhecimento de todos na diretoria.


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