Folha de S. Paulo


Aécio rebate críticas e pede a 'aposentadoria' de Dilma

Menos de três horas depois de a presidente Dilma (PT) ter afirmado que seus adversários "querem surrupiar" seu programa de governo, o senador e pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) rebateu as críticas da petista e disse que deseja para ela uma "aposentadoria" nos próximos quatro anos.

"Poucas horas atrás, lia resumo das declarações da atual presidente da República [dadas] hoje à tarde mesmo (...) Que triste, que triste ver uma presidente que encerra 11 anos de mandato sem ter uma palavra de esperança e de coragem para dizer aos brasileiros", disse o tucano no início da noite desta terça.

Aécio discursou durante a convenção do PSDB de Minas Gerais que confirmou a candidatura do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo mineiro.

Liliane Pelegrini/Folhapress
O senador e pré-candidato à Presidência, Aécio Neves, em convenção estadual do partido em BH
O senador e pré-candidato à Presidência, Aécio Neves, em convenção estadual do partido em BH

Mais cedo, durante a convenção nacional do PMDB, Dilma disse que seus adversários "querem surrupiar" os programas do governo petista e "excluir os mais pobres".

"É a agenda do retrocesso. É essa agenda que querem apresentar ao Brasil", disse a presidente.

Antes, na convenção nacional do PDT, a presidente classificou como "oportunismo do mais deslavado nível" as tentativas da oposição de remodelar programas da gestão petista, como o Mais Médicos e o Bolsa Família.

Ao atacar o governo Dilma, Aécio falou em "descontrole inflacionário" e "pífio crescimento da economia".

O tucano afirmou que o país vive "o terceiro pior ciclo de crescimento do Brasil de toda a nossa história republicana".

Falou em "encerrar esse ciclo perverso de governo que tanto vem infelicitando a nação brasileira", para iniciar um governo com "ética e eficiência".

Disse ainda que não irá fazer uma campanha de ataques aos adversários, mas que deseja a "aposentadoria" da presidente nos próximos quatro anos.

O senador fez ainda referência à sua trajetória política e disse que ter governado Minas Gerais por dois mandatos foi o "ápice" de sua trajetória profissional.

"A cada mentira e a cada infâmia disparada pelo outro lado eu responderei com a minha história de vida."

Em entrevista antes da convenção, Aécio comentou a aprovação da aliança nacional do PMDB na chapa de Dilma.

"A presidente da República deve dormir com uma enxaqueca porque ela sofreu uma fragorosa derrota hoje na convenção do PMDB. Depois de tudo que foi feito, a distribuição de espaço para o PMDB, que hoje já manda quase mais do que o próprio PT, a oposição à aliança ter mais de 40% dos votos é uma derrota fragorosa."

O tucano completou: "Isso significa que a presidente vai levar alguns minutos a mais na sua propaganda eleitoral, mas não levará a paz, o trabalho e o sentimento dos seus aliados".

PIMENTA

Na convenção, Pimenta da Veiga teve sua candidatura ao governo de Minas Gerais ratificada. Ele terá como principal rival o ex-ministro Fernando Pimentel, petista amigo da presidente Dilma.

No palanque, o ex-ministro fez um discurso inflamado, exaltando que pretende reforçar "o nome de Minas no caminho da modernidade".

O candidato disse que nos próximos dias apresentará as primeiras propostas de seu plano de governo.

"São metas definidas a partir de um longo diálogo no último ano com todos os mineiros. Vamos avançar ainda mais na saúde, na segurança, na infraestrutura e, principalmente, na educação", declarou.

Antes de falar ao público, Pimenta foi questionado sobre a investigação da Polícia Federal na qual foi indiciado sob a acusação de lavagem de dinheiro.

A PF investiga o recebimento de R$ 300 mil, em 2003, das agências do empresário Marcos Valério de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no mensalão petista.

O candidato ao governo mineiro nega a suspeita de lavagem de dinheiro e diz que os R$ 300 mil –recebidos em quatro parcelas de R$ 75 mil de Valério– se referem a serviços prestados de advocacia e foram declarados no seu Imposto de Renda.

"O Ministério Público Federal devolveu o inquérito à Polícia Federal, considerando os elementos inconsistentes. Vamos aguardar. Mas [a devolução] é uma boa notícia", afirmou.


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