Folha de S. Paulo


Em convenção para decidir apoio a Dilma, Temer minimiza dissidência

Na abertura da convenção que decidirá se o PMDB mantém o apoio à reeleição de Dilma Rousseff, o vice-presidente da República, Michel Temer, minimizou no início da tarde desta terça-feira (10) a dissidência no partido e afirmou que a manutenção da aliança com o PT visa "abrir as portas" para que no futuro "o PMDB ocupe todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros".

Dizendo que o partido é o responsável pela "grande revolução social neste país", Temer afirmou que não acredita nas "intrigas" que, segundo ele, dão conta de que haverá traições na votação secreta para decidir o rumo do PMDB.

O resultado da votação deverá ser anunciado por volta das 15h30, ocasião em que Dilma deverá comparecer à convenção, que está sendo realizada no auditório Petrônio Portela, no Senado. A expectativa da ala dilmista é obter cerca de 80% de apoio.

Antes de discursar, Temer repetiu que estará satisfeito se a aliança for aprovada até mesmo por margem mínima. E negou constrangimento: "Isso é comum no PMDB, se a gente não se acostumar com isso depois de 40 anos, não dá para fazer política."

Em sua fala, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que o partido apresentará propostas de governo a Dilma, entre elas o ensino em tempo integral e a "defesa permanente da liberdade de expressão e pensamento". "Disso o PMDB não abre mão", afirmou Raupp.

Setores do PT defendem propostas de regulação da mídia. O ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) tem proposta similar, mas ela não encontra respaldo na cúpula peemedebista.

REBELIÃO

Vice de Dilma, alas do PMDB ameaçaram nos últimos meses romper a aliança e, inclusive, lideraram na Câmara dos Deputados uma rebelião contra o Palácio do Planalto. Na lista de insatisfações, falta de interlocução com Dilma, reivindicação de maior espaço no governo e de apoio do PT às suas candidaturas nos Estados.

Na convenção desta terça, o grupo dissidente está distribuindo panfletos em que acusa o governo Dilma de ineficiência e de corrupção.

Um dos peemedebistas mais críticos à aliança da legenda com Dilma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima diz que o apoio será aprovado, mas por causa de Michel Temer. "Dilma deve ir à nossa senhora aparecida porque Temer a está levando nas costas".

Outro opositor à aliança, o deputado federal Danilo Forte (CE) pediu que o apoio ao PT não fosse aprovado. "Meu coração é Eduardo Campos, pena que ele está patinando. Marina [Silva] acabou com ele".

Segundo o deputado, ele e o senador Eunício Oliveira (CE) "carregaram Michel no ombro em 2010". "Agora não dá mais: ou salva o Brasil ou o PT", disse ele à Folha.

Participam da convenção peemedebista, entre outros, congressistas, governadores e candidatos do PMDB, além dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).


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