Folha de S. Paulo


Campos diz que coalizão do governo já 'surrupiou do povo brasileiro o que tinha que surrupiar'

O pré-candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) elevou o tom contra o governo petista neste sábado (31) e afirmou que a coalizão do governo Dilma Rousseff tem "raposas de paletó e gravata que já surrupiaram do povo brasileiro o que tinham que surrupiar".

Em discursos anteriores, ele tem sinalizado a intenção de, se eleito, "colocar na oposição" alguns dos partidos aliados da Dilma e até já citou como exemplo o senador José Sarney (PMDB-AP).

Segundo Campos, que preside um partido que por quase 11 anos participou da aliança petista, o governo distribui lotes da administração federal como alguém que distribui bananas de um cacho.

Reunido em Goiânia com sua provável candidata a vice Marina Silva (PSB) para o quinto encontro regional de preparação do programa de governo da candidatura, eles voltaram a adotar o tom de ataques ao governo Dilma e da necessidade de mudança na forma como o governo vem sendo conduzido.

Campos e Marina já haviam feito encontros regionais para discutir o programa de governo em quatro capitais -Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e Manaus.

JOAQUIM BARBOSA

Em sentido oposto ao que aliados dizem nos bastidores, Campos e Marina disseram que não pretendem procurar neste momento um contato com Joaquim Barbosa e que o ministro sinaliza querer uma "quarentena" antes de eventualmente se envolver com política.

Os dois deram a entender que eventual aproximação só ocorrerá após a saída definitiva de Barbosa do Supremo Tribunal Federal, o que deve ocorrer em junho, e se ele der essa abertura.

Para Campos, ao não deixar o Judiciário no tempo se filiar a um partido para as eleições deste ano, Barbosa deu um "recado" de que pretende desfrutar de uma "quarentena". "Precisamos que o ministro Joaquim Barbosa conclua sua saída do STF e, no ato de sair, ele vai dizer de sua disposição ou não [de participar de uma campanha]", afirmou.

"Uma pessoa com o nível de responsabilidade e consciência que tem o ministro Joaquim Barbosa não é para fazer esse tipo de abordagem. Entendeu ele, corretamente, que a melhor forma de contribuir com a Justiça, com a política, com a democracia, foi se colocando nessa quarentena, como disse o Eduardo", afirmou Marina.

Para a ex-senadora, Barbosa "não é uma pessoa que se permitira jamais ser instrumentalizada por quem quer que seja". O presidente do STF obteve 14% das intenções de voto para o Palácio do Planalto em fevereiro, na última vez que figurou entre os possíveis candidatos na pesquisa do Datafolha.

Apesar das declarações deste sábado, tanto a campanha de Campos quanto a de Aécio Neves (PSDB) buscam meios de, com sigilo e muito cuidado, sondar eventual disposição do ministro de patrocinar uma declaração de apoio.

Embora tenha dito que deseja conhecer quem defende proposta diferente, Campos sinalizou apoiar a manutenção do atual sistema de indicações para o STF -feito pelo Executivo, com aprovação do Legislativo.


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