Folha de S. Paulo


Prefeituras e Estados apelam ao improviso para esconder e maquiar atraso em obras

A menos de três semanas da Copa, prefeituras e Estados estão apelando a uma boa dose de improviso para tentar amenizar o impacto de uma série de obras atrasadas.

Nas cidades-sede, viadutos, calçadas e até destroços de um posto de gasolina ficarão cercados por tapumes.

Além disso, há casos inusitados, como o de um novo caminho para pedestres para esconder uma calçada inacabada e do entulho de um estádio, que, em vez de retirado, foi prensado para servir de estacionamento.

A tática não é novidade. No ano passado, antes da Copa das Confederações, diferentes sedes receberam maquiagens de última hora.

Em Cuiabá, por exemplo, na avenida mais movimentada da cidade, os canteiros arborizados que foram desfeitos para a obra do VLT agora irão receber novas plantas, já que a obra não ficará pronta.

O curioso é que todas essas novas plantas, porém, terão de ser retiradas mais uma vez após a Copa, já que a promessa é a retomada das obras.

Em Porto Alegre, onde operários ainda trabalham em diferentes obras, o caso mais emblemático são as áreas de estacionamento nas redondezas do Beira-Rio.

O entulho das obras do estádio não foi removido, mas "escondido" sob brita e uma camada asfáltica após impasse entre Internacional, empreiteira e prefeitura.

A administração atribui ao Internacional a responsabilidade de retirar o material, mas o clube alegou não ter condições de fazer o serviço. Já a construtora disse que o item não estava no contrato.

Ainda na capital gaúcha, a área de circulação ao redor do estádio e as calçadas no entorno foram improvisadas com asfalto em vez de cimento. O Inter diz que a solução provisória atende à exigência da Fifa, e a
prefeitura, que as outras calçadas estão de acordo com o projeto original.

Em Natal, um viaduto em frente ao estádio que só ficará pronto após a Copa foi cercado por tapumes de cinco metros de altura, que receberão imagens de pontos turísticos da cidade. Segundo o secretário de Obras
Públicas, Tomaz Neto, o isolamento é questão de segurança.

Em Brasília, o governo do Distrito Federal está promovendo uma série de obras de última hora em volta do estádio Mané Garrincha. Máquinas estão trabalhando à noite para corrigir, por exemplo, ondulações do asfalto.

Além disso, alguns monumentos de Brasília mais visitados por turistas estão sendo limpos e pintados também durante à noite.

Basta dar a volta no estádio, por exemplo, para encontrar um grande descampado, tomado por terra e poeira.

Num pequeno pedaço, a terra está sendo coberta por brita. Segundo o governo do Distrito Federal, a ideia é colocar no local uma massa asfáltica.

CALÇADA 'LÚDICA'

O improviso segue em Salvador. Lá, o governo da Bahia criou um caminho "lúdico" para pedestres entre a Fonte Nova e áreas turísticas, batizado de Fun Walk.

Esse trajeto enfeitado com bandeirolas verde-amarelas, na prática, nada mais é do que um desvio de calçadas em obras –isoladas com tapumes e que não serão finalizadas até o início da Copa.

Perto do estádio, a prefeitura cercou o entulho que restou da demolição de um posto de gasolina, e as encostas ganharam tapetes de grama. "Nas ruas de acesso aos bairros não se fez nada. As obras são só para turistas", diz o comerciante Raimundo Araújo.

O secretário municipal de Infraestrutura, Paulo Fontana, diz que essas obras já estavam previstas, mas que foram antecipas para a Copa.

Em Curitiba, no entorno da inacabada Arena da Baixada, chama a atenção uma passarela feita de andaimes que ligará o estádio ao complexo de transmissão televisiva.

"Foi a solução encontrada. Não cabiam, dentro do complexo, os equipamentos necessários para a transmissão", diz o secretário local da Copa, Reginaldo Cordeiro.

Colaboraram BRASÍLIA, CURITIBA, CUIABÁ e NATAL


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