Folha de S. Paulo


Doleiro preso fez depósitos de R$ 50 mil a Fernando Collor

A Polícia Federal encontrou no escritório do doleiro Alberto Youssef, em São Paulo, oito comprovantes de depósitos para o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que somam R$ 50 mil. Os depósitos, todos em dinheiro vivo, foram feitos nos dias 2 e 3 de maio do ano passado.

A informação consta de despacho enviado nesta quinta (22) pelo juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Nele, o magistrado comunica a remessa de todos os autos e material apreendido pela Operação Lava Jato ao Supremo, obedecendo a uma ordem do ministro.

Zavascki determinou a remessa de todos os processos para averiguar se o juiz incluiu na apuração parlamentares, que têm foro privilegiado e só podem ser investigados pelo Supremo.

O ministro deu a ordem de remessa de toda a documentação para o Supremo depois de mudar de opinião e decidir manter a prisão de 11 dos réus da operação. Só o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi solto.

O juiz frisa no despacho que não investigou os depósitos a Collor nas oito ações penais que foram abertas com a Lava Jato: "Observo que não há qualquer indício de envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já foram objeto das aludidas oito ações penais propostas".

Moro diz também que desconhecia a eventual relação de Collor com o doleiro e que os comprovantes de depósitos foram achados por acaso.

"Tal prova e eventual relação entre o suposto doleiro e o referido senador era absolutamente desconhecida deste juízo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e apreensão".

No último mês, Collor foi inocentado pelo Supremo, por falta de provas, das acusações de desvio de dinheiro durante o seu governo.

Ele foi o primeiro presidente brasileiro a sofrer impeachment, em 1992, após uma série de suspeitas de corrupção.

O juiz afirma que também não há nas oito ações penais indícios de envolvimento dos deputados federais André Vargas (sem partido-PR), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccareza (PT-SP).

Moro refuta no despacho a afirmação do ministro de que "outros congressistas são relacionados abertamente como suspeitos", a ponto de a PF pedir mais diligências para checar a relação de Vaccarezza com o doleiro –o deputado afirma que nunca teve relações com Youssef.

A afirmação foi feita por Zavascki na ordem que deu neste domingo (18) para soltar os 12 presos. Ele revogou a decisão após ser alertado pelo juiz do risco de fuga.

Moro diz que "não autorizou" a PF a checar se certo celular era de Vaccarezza.

Procurada pela reportagem da Folha, a assessoria de Collor não foi encontrada.


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